Veja, eu respeito o SGDB Oracle. Ele não apenas é um dos primeiros bancos de dados relacionais do mercado como também é robusto, confiável e possui uma miríade de recursos. Mas convenhamos, para um SGDB que está a tempos no mercado, algumas coisas são realmente incríveis. É claro que existem algumas explicações que dizem respeito a história de como o produto surgiu e muitas que tem mais haver com a estratégia de marketing da Oracle.
- A Oracle possui uma enorme documentação. Toda ela está disponível on-line para qualquer um baixar. O mesmo acontece com os softwares (não as atualizações, claro). Uma das coisas que eu aprecio na documentação da Oracle, são as suas recomendações quanto as melhores práticas. Algumas delas são específicas em relação ao seu produto, mas muito do que está lá se aplica a qualquer banco de dados. Dito isso, me explique: qual o motivo de tantos produtos da Oracle não seguirem as suas próprias recomendações. Você não acredita? Quem conhece as restrições das aplicações feitas em FORMS sabe do que eu estou falando. Agora imagine um ERP inteiro sem uma FK (chave estrangeira). Isso mesmo… o famoso ERP da Oracle não tem nenhuma. Alguém me explica isso?
- Eu falei bem da documentação da Oracle, não? Pois é, os caras fazem um bom trabalho nela. Mas tem um problema. Algumas coisas misteriosamente não estão lá. É quase inacreditável que eles esqueçam de documentar coisas tão importantes na documentação. Realmente não faz nenhum sentido. Vou lhes dizer que não é pouca coisa.
- Mais um detalhe bizarro sobre a documentação da Oracle. Você já olhou o manual de instalação deles? Bom, eles tem uma lista de dependências que devem ser instaladas para que você não falhe miseravelmente no meio do caminho. No entanto há algumas coisas bizarras lá. Eu nunca entendi o que o gnome-libs, o xscreensaver e o control-center fazem na lista de dependências. São completamente inúteis. Você definitivamente não precisa delas no seu servidor, mesmo que você queira usar o instalador gráfico. Ainda assim, se você cair na besteira de ler a documentação que acompanha os CDs do Oracle, ou a documentação que vem junto com os binários que você baixa no site, você pode encontrar sérios problemas no caminho. Algumas dependências simplesmente não estão descritas nesta versão da documentação, como você poderia esperar. Não esqueça, sempre olhas os “Release Notes” na documentação on-line. Particularmente, se você for fazer uma instalação em Linx com 64 bits, você me agradecerá muito por esta dica. Isto acontece porquê o instalador do Oracle de 64 bits roda em 32 bits. Surpresa, as dependências de 32 bits não estão na documentação original.
- Sim, o famoso processo de instalação do banco de dados está longe de ser um processo simples. Eu realmente não conheci o Oracle nas suas versões mais antigas. Só conheço ele a partir da versão 8. Não tenho nada contra as zilhões de recomendações de acertos no SO antes da instalação. Na verdade, isso é até bem bacana. Uso muito destas recomendações com outros SGDBs. Mas o instalador gráfico deles é simplesmente horrível. Porquê? É muito simples… ele força você a instalar a interface gráfica no seu servidor. Para os usuários do Windows, tudo bem, mas no mundo Unix isto é uma heresia. Para complicar ainda mais… o instalador é feito em Java e pesa uma tonelada. Fazer um instalador em modo texto não seria tão complexo assim. Não é que seja impossível fazer a instalação em modo texto. Claro que é possível. Mas você tem de criar um arquivo enorme de configurações que pode ser um inferno de editar, conforme forem as suas necessidades. Eu mesmo já criei alguns scripts para me ajudar a criar os arquivos de isntalação em modo texto. Daí para criar um instalador em modo texto seria realmente um pulo. Convenhamos que esta não seria uma tarefa árdua para a Oracle.
- O SQL*Plus número um dos DBAs Oracle. É claro que surgiram coisas mais amigáveis como o SQL Developer, mas o SQL*Plus é a única ferramenta em modo texto que você tem para utilizar. Eu realmente gosto muito das interfaces gráficas. Mas na hora do aperto elas não me servem muito. Quando preciso rodar uma rotina pesada ela também não me ajuda muito. E principalmente, quando quero fazer algum script rápido que acesse o SGDB, o SQL*Plus é uma mão na roda. Mas há um detalhe muito bizarro nele. Ele não tem suporte a biblioteca mais manjada das ferramentas em linha de comando: a ReadLine. Sem ela ou outra substituta a altura, voltamos para a idade do bit lascado. Até as setas do seu teclado perdem a utilidade. É realmente lastimável a perda de produtividade que este detalhe nos proporciona no dia a dia. Para quem está acostumado com o Bash, isto é simplesmente irritante.
- O metalink é a porta de entrada para um universo a parte da Oracle. Patches de segurança, zilhões de documentos sobre erros bizarros, uma maravilha. Só tem um problema. Parece que a Oracle usou seus próprios produtos para criar o seu site. E vou lhes dizer uma coisa… eles parecem que nunca utilizaram o gmail na vida. Definitivamente nunca ouviram falar em AJAX. Para completar, ainda usam FLASH para montar um site lento, feito e com uma péssima usabilidade. Depois que você se acostuma com o jeito tosco do site, até dá para se virar bem, a não ser é claro, que você esteja com um pepino enorme na mão e a sua conexão com a Internet esteja lenta. Se for esse o seu caso, vou lhe dizer qual é a forma de rezolver seus problemas de forma mais rápida, interativa e eficiente: entre no servidor de IRC da freenodes na sala #oracle. Você vai descobrir que o “suporte livre” realmente funciona.
- O padrão SQL já vai completar 20 anos em 2009. Ele surgiu em sua primeira versão oficial em 1989. Ficou famoso pela versão de 1992, e depois contou com mais duas grandes versões sendo a última em 2003. É verdade que a moral da ISO anda meio baixa nos últimos tempos. Mesmo assim, não há motivos para a Oracle ser tão lenta na adoção dos padrões. O tipo de dado TIMESTAMP surgiu apenas na versão 9i. O tratamento com os nulos, o nvarchar, a ausência do tipo inteiro e outras coisas estranhas do Oracle lhe garantem não conformidades significativas com o padrão SQL.
- A Oracle tem uma tara por arquivos binários que nenhum ser usuário possa ler. A coisa não se limita aos dispositivos crús (Raw Devices), vai dos backups com RMAN, ao rastreamento de erros com trace. Enfim, o negócio é confiar na Oracle…
Você não concorda com as minhas observações? Diria que tem outros itens para acrescentar a lista? Coloque nos comentários então!