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Abril
Abril é um dos meus meses prediletos do ano. Com o equinócio de outono em 20 de março vem o equilíbrio. Aliás, para quem não sabe, equinócio é o momento do ano onde o dia e a noite tem precisamente a mesma duração. O equinócio de outono, pelo menos aqui no meu canto desse Brasil enorme, significa um sol mais ameno, manhãs cinzentas e menos chuvas intensas e constantes. Me lembra também de caminhar e fazer estralar as folhas secas sob os Ipês coloridos quando eu estudava na USP.
Em abril o ano já entra em seu curso normal. Se você entrou na academia nas primeiras semanas do ano e desistiu, esse é o momento de retomar. Se você ainda não iniciou aquele novo projeto, a hora é agora. Se você não queria ir à praia lotada, ou viajar para aquele lugar incrível, a hora é agora. A temporada de trilhas em montanhas também se abre em abril, com menos chuvas se torna mais seguro ir mais longe.
Abril é época de persistir, de consistência, de ponderação. Abril é mês para ir mais longe, para fugir das multidões. Abril é aquele momento onde você resolve caminhar mais longe, pedalar mais forte, pois o sol não castiga tanto logo cedo. Abril é tempo de sonhar menos e realizar mais. Abril também é tempo de celebração, começa com a páscoa, depois Tiradentes e termina o mês no dia do trabalho, já em maio. Para quem olha para seus significados, são datas cheias de símbolos e também momentos para unir pessoas.
Então bora lá, que tempo voa, o tempo urge, e como sempre diz Karin Keller, amanhã é natal!
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Preciso ir para casa
Alguns filmes que podem não ser assim espetaculares, mas que tem lá um significado especial pra cada um. “Quase Famosos” é um dos meus filmes prediletos até hoje. A história é verídica, mas alguns fatos e personagens estão embaralhados na narrativa por motivos óbvios, além de se encaixarem melhor no formato do filme.
Lá pelas tantas, o bicho está pegando, as relações estão desgastadas, como em toda banda que viaja junto e vive momentos intensos um depois do outro. Em dado momento, estão todos no ônibus de excursão da banda, quietos, com suas angústias e suas dores. E aí a mágica se faz… de forma muito sutil, envolvente. Começa a tocar Tiny Dancer do Elton John. E um a um os personagens começam a cantarolar juntos. Por um momento, a música une o grupo e um momento de alívio se faz. Laços se refazem.
Na pandemia eu acompanhei muito o trabalho da Mônica Salmaso, que fez uma série de vídeos cantando com parceiros de todos os cantos de forma remota. A música, a arte, tem esse poder de ressignificar as coisas, de trazer vida para momentos difíceis como aquele período. Vale a citação manjada de Nietzsche: “Sem a música a vida seria um erro”. Não precisa ser exatamente a música, pode ser a dança, o cinema, o teatro, etc.
E voltando ao filme, no meio do daquela catarse, o personagem principal fala para Panny Lane:
– Preciso ir para casa!E ela faz sinal para ele se calar gentilmente e responde:
– Você já está em casa.
Eu acho a cena incrível!
E vira e mexe uma música, um filme, um quadro, marcam nossas vidas. Por trazer um significado, por trazer um sentimento de pertencimento entre pessoas, ou por expressar aquilo que a gente não conseguiria falar, com simples palavras.
E você, tem um momento assim na sua vida?
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Procure alguém para acordar ao seu lado
Tirando uma parcela muito peculiar da população, todo mundo gosta de sexo. Cada um, a sua maneira. A maneira de cada um pode variar muito dentro da sua singularidade, dentro das suas experiências de vida e ainda dentro do lugar e do tempo onde você vive. Fato é que, em se falando de sexo, sempre achei vário o eufemismo na expressão de “dormir com alguém”. Parecia bem razoável.
Dormir com alguém significaria, estar em um lugar que lhe permita ter intimidade, transar e ainda passar um tempo junto depois disso. Acho ótimo. Imagino que ficaria horrorizado com a ideia de alguém que ir embora logo após o sexo ou a pessoa não se aconchegar em mim após gozar, mesmo que durma logo depois. Eu realmente iria preferir não encontrar essa pessoa novamente. E veja, nada contra quem gosta de sexo casual. Acho super válido. Só não é um busca para mim, ele acontece… e pode ser muito divertido. Mas Sexo, no meu ponto de vista, tem a ver com o antes, o durante e o depois. As 3 partes são muito importantes. “Dormir com alguém”, me dá essa sensação de que essas 3 partes são factíveis. Tá lindo.
Mas, como meus pais me diziam, eu sou do time dos eternos insatisfeitos. Durante a noite, tudo parece acontecer num tempo diferente. Você está aguardando aquele momento há algum tempo. Há toda aquela dança do acasalamento: sair, beber alguma coisa, talvez dançar, um cinema, ou ir ver uma coleção de borboletas… Seja como for, há uma expectativa crescente, uma ansiedade. Que pode ser uma coisa gostosa, toda aquela corte, aquela troca de olhares e intenções. E por mais que vocês sejam atletas sexuais, se tudo der certo, ou melhor, se não der muito errado, vocês vão dormir e acordar na manhã seguinte. Você pode ajustar esta expressão para o seu fuso horário se for o caso.
Em algum momento vocês vão acordar. Provavelmente alguém vai acordar primeiro. Talvez só para ir ao banheiro. Pode ser uma ótima oportunidade para escovar os dentes novamente também! E você pode querer perambular um pouco por aí enquanto o outro dorme, ou preparar um café, ir ver o sol nascer da janela, não importa muito. O importante é que se você tem um afeto pela pessoa que ainda está lá na cama, você tem a vontade de voltar. E é aí que a magia acontece. Você pode só ficar olhando o outro dormir. Pode fazer um carinho bem suave para o outro não acordar. Pode se chegar de conchinha bem devagar. Pode dar beijinhos. É bem possível que, sem saber, você vá lembrar desse momento anos depois…
E não tem muita regra para o que pode acontecer depois. Aliás, essa é a graça da coisa. Se você tiver a deliciosa sorte de não ter pressa nessa manhã, e realmente gostar da companhia da pessoa ao seu lado, você pode ter ganhado na loteria nesse momento. Solte o cinto de segurança e aproveite a viagem sem destino certo. Pode ser que vocês fiquem trocando carinhos e olhares. Podem acontecer conversas inusitadas. O sexo provavelmente irá acontecer novamente… talvez mais de uma vez. Quem sabe um café da manhã no meio disso? Tudo junto e misturado, não necessariamente nessa ordem.
E pode ser que você conheça outra pessoa pela manhã. Sem a pressa ou a pressão por uma performance na cama. Sem a ansiedade ou o medo do outro não aprovar o seu desempenho, ou as suas curvas. Talvez o outro note você está acima do peso ou achar ruim aquela sua cicatriz. Pode gostar de alguma coisa bizarra (seria bom ter perguntado algumas coisas antes, mas vai saber). O fato é que de noite vocês já devem ter resolvido isso em algum momento. Já tiveram intimidade e ninguém saiu correndo. Afinal, vocês acordaram juntos. Você se sente relaxado, seguro, sereno. É uma manhã de sol ou chuvosa, ou nublada, não importa. Você acordou ao lado de uma pessoa que você gosta. Não é uma sensação incrível? E agora você pode acordar ou ser acordado por essa pessoa de forma peculiar. Pode abraçar essa pessoa sem medo. É um momento de entrega sem pressa. De sutilezas, de diálogo sem roteiro, de afeto e de não olhar para o relógio. É o momento de encontrar alguém sem maquiagem, sem aquela pretensão de lhe impressionar. É um momento de encontrar o outro desarmado, inteiro ali naquele momento. Solto, leve e provavelmente feliz.
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Enfim 48 anos
Semana passada completei meus 48 anos de vida. 48 translações em volta do sol. E aqui no meio da terça-feira de carnaval, em meio ao respiro do trabalho, resolvi parar um pouco para fazer uma daquelas retrospectivas que as pessoas adoram fazer no final do ano. Estive adiando por um bom tempo este momento. Sim, procrastinar é uma arte que eu domino bem, mas não é só isso. Há coisas que por um bom tempo não tive coragem de escrever, mas acho que chegou a hora.
Gostaria de voltar um pouco mais no tempo e retomar o ano de 2020, no começo da pandemia. De uma forma ou de outra, a maioria de nós fomos afetados. No começo, a Timbira teve uma forte queda do faturamento, pois nossos clientes estavam sem dinheiro. Mas nós não paramos de trabalhar um minuto. Muito pelo contrário, investimos mais e fomos para cima. E logo a área de TI começou a bombar, a Timbira se viu num ritmo de crescimento acelerado. No segundo semestre começamos a procurar novas pessoas para trabalhar conosco. E a equipe foi aumentando.
Ainda em 2020, no final daquele ano eu me separei. Não vou discutir aqui os motivos para isso, mas naquele momento eu julguei que era a melhor coisa a se fazer. Hoje eu certamente vejo diferente… No começo de 2021 eu estava lá meio perdido com o resultado da separação, enquanto a Timbira vinha crescendo. E lá por março meu sócio pegou COVID e ficou bem mal. Nesse momento eu tive que tomar as rédeas da empresa. E foi nesse momento que decidimos dar um salto. Com a vinda de mais gente, a empresa passou a se estruturar direito. Processos, ferramentas, documentação, uma série de coisas que antes nós deixamos num segundo plano, agora eram vitais para trabalhar com uma equipe maior. Só que até toda essa equipe nova entrar nos trilhos, o volume de trabalho foi só aumentando. No final de 2021 eu precisava urgentemente parar, descansar. Mas tive que adiar este momento aqui e ali, até algumas coisas se acomodarem. E aconteceu o pior: eu comecei a surtar. Não que meu temperamento normalmente já não seja complicado, veja bem. No entanto, eu estava muito pilhado e tive uma atitude bem ruim com um cliente.
Tirei uma semana de folga pouco tempo depois deste incidente. E chegou a hora de procurar um psiquiatra que me recomendou um antidepressivo. No começo parecia tudo bem, mas logo vieram os efeitos colaterais e resolvi parar de tomar o remédio. Nesse momento, apesar de todo o trabalho para construir a empresa, eu já não me encaixava bem nas novas formas de trabalho da empresa. E veja bem, a empresa evoluiu muito e eu acreditava e continuo acreditando: o novo modelo é infinitamente melhor. Então por que eu não consigo me encaixar direito? Em 2022 eu fui num neurologista e depois de alguns exames e algumas consultas ele me diagnosticou com TDAH: Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Antes de fechar diagnóstico eu fui pesquisar um pouco sobre o assunto e principalmente pesquisar sobre o meu passado. Falei inclusive com a minha mãe. Ela me disse que quando eu era criança eles notaram algo diferente e me levaram no médico, mas este tipo de diagnóstico não existia naquela época. E muita coisa passou a fazer muito sentido.
Passei a tomar ritalina. Embora eu não sentisse muita diferença, aos poucos a vida passou a ganhar mais fôlego e eu estava trabalhando melhor. Até que resolvi voltar a me cuidar, caminhar e depois voltei para a academia. Aí a coisa complicou. Quando eu tomava ritalina e fazia exercícios, sentia o corpo tremer e um pouco de palpitação no coração. Resultado, parei com os exercícios e parei com a ritalina. De volta a estaca zero. Já no meio do ano procurei uma nutróloga, ainda nessa pegada que querer me cuidar e perder peso. Ela me passou um catatau enorme de exames para fazer. Uma maratona. Mas estávamos às vésperas do PGConf.Brasil e não dava pra parar tudo para cuidar disso. Então, só depois do PGConf.BRasil e depois de fazer muita trapalhada pelo caminho, eu tirei quase um mês em setembro para me cuidar.
Fiz tudo quanto é tipo de exames, voltei para a academia, voltei no neurologista, fui ao cardiologista, pneumologista, otorrinolaringologista, gastroenterologia, endocrinologista, ortopedista e claro, na nutróloga. E depois do resultado dos exames…. mais exames, claro. E todos disseram mais ou menos a mesma coisa: olha, não está tão ruim, mas temos alguns problemas aqui. Eu poderia receitar um tratamento para (leia-se aqui um monte de coisas que foram encontrando), mas se você perder peso, vai tudo voltar naturalmente ao normal. Em outubro comecei finalmente a dieta nova, com apoio do famoso Ozempic. Um mês com 0,25mg, depois um mês com 0,5mg e depois 1mg. Junto com o Ozempic vieram outros acompanhamentos, o Glifage, vitaminas, rosuvastatina, etc. A cada bimestre, uma nova bateria de exames de acompanhamento antes da próxima consulta com a nutróloga. Os primeiros meses da dieta foram horríveis. Eu tive um mau-humor insuportável. Teve um dia em que fui ao supermercado e tinha vontade de chorar. 80% do que existe no mercado eu não posso nem passar perto. Hoje estou bem mais adaptado e acostumado. Não dá pra dizer que é totalmente tranquilo. No entanto, se você não mudar o seu estilo de vida, é certeza que vai voltar a engordar quando parar a dieta. Não recomendo para ninguém tomar remédios para emagrecer sem acompanhamento de um bom profissional de nutrição (eu acho que um nutrólogo é uma opção mais cara, mas bem segura também) e terapia. O tripé eu já comentei aqui antes: dieta, terapia, exercícios. Os 3 tem que andar juntos. Eu confesso que sempre fui resistente com esse negócio de tomar remédio para emagrecer, mas cheguei num ponto em que não posso mais falhar. Agora tenho que ir até o fim e recuperar uma vida saudável. Era isso ou partir para opções mais agressivas como balão gástrico ou cirurgia bariátrica. Eu realmente espero não precisar disso.
E as coisas melhoraram mesmo, os exames parecem, em geral, muito melhores. Alguns ainda não estão perfeitos, mas sem dúvida bem melhores. Tive também que tirar por um tempo o pé do acelerador com os exercícios, devido a um inchaço no joelho. 30 sessões de fisioterapia para fortalecer a musculatura e proteger o joelho. Perdi quase 25% de massa corpórea até agora. É muita coisa sim. Mas ainda estou bem longe do objetivo. Saí de Obesidade mórbida, grau III para grau II. Em março devo chegar no grau I. O objetivo é ficar no máximo com sobrepeso. Mas essa não é toda a história. Quando você perde muito peso, você perde também muita massa magra. No primeiro bimestre eu perdi 50% de massa magra e 50% de gordura. No segundo bimestre eu consegui perder menos massa magra proporcionalmente. Hoje eu tenho 60% de massa magra, a meta é atingir 75%. Isso está longe de ser algo simples de fazer.
Outra coisa que aconteceu em outubro é que eu me afastei das operações da Timbira. Passei a me dedicar a criação de conteúdo para cursos em vídeo. O primeiro, o curso sobre backup eu terminei de produzir no começo de dezembro. Mas minha capacidade de trabalho nesse ponto estava bem reduzida. Não conseguia mais trabalhar 8h/dia. E isso é um problema que permanece até agora. Por um lado esse período me permitiu ter tempo para me cuidar, por outro lado, me deixou mais isolado com o mundo. O que me trouxe novas reflexões.
Em dezembro de 2022, em me encontrei num momento muito ruim. De isolamento, de solidão. E tive que lidar com alguns temores que sempre me rondaram, entre eles a solidão. Eu tive momentos na vida de convívio muito intenso com alguns bons amigos. Também tive momentos incríveis com grupos de pessoas em momentos muito especiais da vida. Mas estes momentos especiais foram relativamente pontuais. A verdade é que na maior parte da vida eu me apoiei em pouquíssimas pessoas e sempre tive um círculo de amizades muito reduzido. Os relacionamentos amorosos passaram a ser um lugar para se apoiar e a internet foi um lugar para conseguir isso facilmente. Conseguir atenção, conseguir companhia, conseguir outras coisas também, claro. Mas eu decidi romper essa minha relação com aplicativos de paquera. Apesar de ter conhecido pessoas muito legais por este meio, eu senti que minha vida precisa focar em outras coisas. E que muito além de paqueras, eu preciso de novos amigos, de conviver com pessoas em novos espaços. Mas em dezembro, eu quase não consegui trabalhar.
Boa parte destas reflexões surgiram da terapia com a minha psicanalista. Eu também procurei em setembro de 2022 uma psicóloga especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, especialista em TDAH. Foi horrível. Depois de poucas sessões e uma conversa no estilo “positividade tóxica” eu fechei a conta. Em dezembro eu finalmente pude voltar a tomar remédio para o TDAH, o Venvanse. Eu estava ansioso por isso. Tive que esperar um tempão pra começar, por vários motivos que foram adiando isso. Mas o efeito pra mim foi praticamente nulo. Consta que esse remédio tem efeito meio imediato. Pra mim não fez diferença. Eu também havia entregue o primeiro curso em vídeo, agora tinha um novo curso para começar. Por mim, depois de muito pensar e sentir, tentei reatar com minha ex mulher, de quem eu havia me separado no final de 2020. Na verdade não deu muito certo, por N motivos.
E no final de dezembro eu voltei ao mesmo psiquiatra que um ano antes havia me receitado um antidepressivo que não deu muito certo (e eu sumi depois disso). Ele apostou num novo diagnóstico que me assustou um pouco: transtorno bipolar. Passei a tomar mais uma medicação, o lítio. Um belo coquetel de remédios diariamente. Ao mesmo tempo, tomei algumas decisões no final do ano, das quais decidi não escrever em nenhum lugar na época: decidi colocar em prática:
- Decidi começar a fazer aula de dança, algo que eu sempre tive vontade, mas sempre tive vergonha
- Voltei a fazer trilhas, ir em cachoeiras e atividades do tipo, se possível em grupo de passeio, para conhecer novas pessoas
- Comecei a fazer Terapia Cognitivo Comportamental com outra pessoa, presencialmente, e desta vez parece que acertei
- Voltei a atender clientes na Timbira. Agora eu divido meu tempo entre atender clientes e produzir conteúdo para os cursos
- Voltei a procurar eventos culturais na cidade
A ideia aqui é me integrar mais com pessoas. Sair mais de casa. Trabalhar em casa e morar sozinho pode ser bem complicado se você não se relacionar com outras pessoas. Infelizmente as coisas não mudam de uma hora para outra, mas estou tentando. Comecei meio afobado como sempre, depois mais devagar como esperado, mas estou tentando e insistindo.
Tenho visitado mais novos e velhos amigos. Afinal, tenho amigos que conheço há mais de 30 anos. Cultivar estas amizades é tudo de bom. Mas entrar em novos espaços não parece fácil. Eu sou uma pessoa difícil, implicante, que fala demais. Mas tenho que mudar um tanto isso também. Estou tentando ser uma pessoa melhor. São muitos desafios. Espero ser um colega de trabalho melhor, um amigo melhor, um namorado melhor, quem sabe um dia um marido melhor. Espero poder estar sempre de peito aberto, ter relações transparentes. Construir espaços onde nós possamos nos se sentir confortáveis, seguros. E que essa construção seja permanente, que estejamos sempre revisitando e entendendo como nos sentir melhor dentro destes espaços, dialogando e refazendo acordos.
Eu nem imagino a paciência que a equipe da Timbira tem que ter comigo. É duro perceber que tem errado e pior, que na maior parte do tempo nem perceber que tem errado. Remédios podem ajudar em momentos de crise, mas no dia-a-dia, sou eu mesmo que tenho que colocar mais energia em cada ação, ter mais atenção antes de falar, ouvir o outro, deixar de procrastinar as tarefas assíncronas e por aí vai. Eu sei que posso ser uma pessoa terrível em momentos ruins. Mas em algum momento, imagino que deva ter acertado em algumas coisas. Sabe, temos que contratar pessoas melhores que nós mesmos para trabalhar conosco. Nisso eu acho que acertamos bem. Sim, não acertei sozinho, claro. De qualquer forma, eu fiz parte disso. Já ajudei muitos clientes da Timbira e espero ajudar muitos pela frente. Espero aprender muito com o time da Timbira por um bom tempo. E espero muito mesmo, ser reconhecido como alguém capaz de contribuir neste novo momento da empresa. Não vou deixar de ser uma pessoa solitária de uma hora para outra. Não vou deixar de ser ansioso num passe de mágica. Provavelmente nunca vou deixar de ficar exausto e me dispersar em uma reunião com 3 horas de duração. Não sei se vou voltar a conseguir lidar com lugares com barulho vindo de vários lugares ao mesmo tempo sem querer fugir dali. Espero poder moderar meus momentos de rompantes, e perceber a tempo que estou falando alto demais. Seria muito bom deixar de fazer falas inadequadas em momentos inadequados…
Acho que muita coisa a gente aprende na vida. Outras a gente disfarça ou evita. E outras a gente abraça e convive mesmo. Ainda tenho um longo caminho pela frente. Muita terapia, muita reflexão, peso pra perder, muito exercício e muita vida pra viver, amigos para celebrar e quem sabe o amor venha me encontrar numa esquina da vida por aí. A vida já não é mais no mesmo pique de 10 anos atrás, a idade vai chegando e as limitações vão aparecendo. É hora de ter mais paciência e perseverança. Sempre foi hora disso.
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Missão padrasto
Eu tenho um filho com seus 20 anos agora. Mas antes de ser pai eu fui padrasto. Me casei por duas vezes e fui padrasto em ambas situações. Nunca gostei da expressão “enteado”, mas tecnicamente é isso que se diz do filho da mulher com quem você decide dividir o teto.
Ser um bom padrasto envolve suas especificidades, uma certa delicadeza que você tem que incorporar na sua vida. A primeira delas é a de que você não é o pai. Não vai substituir o pai. E não deve jamais ter esse tipo de raciocínio na cabeça. Como consequência, não cabe a você disciplinar, dar sermão, brigar, ralhar, e obviamente, bater. Se alguém tem que fazer isso é a mãe. Você pode é claro discutir algumas coisas com a mãe, num foro privado e com muito, mas muuuito tato. Eu sei, não sou a pessoa mais delicada e cuidadosa numa conversa. Mas se você ama a pessoa que está ao seu lado, você pensa (ou deveria pensar) mil vezes antes de dar pitaco em alguma coisa sobre a educação de um enteado. Faz uma observação sutil, vê se ela é bem recebida, pergunta o que ela acha e vai tateando aos poucos. A decisão de impor alguma regra, limite, conversar, etc com o enteado deve ser sempre da mãe. Você no máximo sugere alguma coisa. E sugere quando achar que isso é realmente relevante. Senão deixa pra lá. Conviver com gente significa conviver com coisas que você não gosta e tudo bem.
Se o seu enteado quiser ver o pai, você incentiva. Se o pai der o cano, esteja lá para amparar. Mas jamais faça críticas ao pai biológico, não interessa o que ele faça (a mãe pode criticar a vontade, se quiser, você não). Você não conviveu com o pai biológico. Você não precisa ser melhor que ele. Você só precisa estar lá. Estar lá com os dois pés no chão. E mais uma vez, você não quer substituir o papel do pai. Mas tem outras coisas que você pode fazer. Você pode apoiar seu enteado quando ele se interessar por alguma coisa. Você pode ensinar alguma coisa se ele demonstrar curiosidade com algo que você tem familiaridade. Mas tem uma regra importante aqui. Você não pode criar expectativas. Não pode impor sua vontade. Não pode achar que seu enteado tem que se interessar pelas coisas que você se interessa ou por aquilo que você considera importante para ele.
Um bom padrasto tem que ter um pouco mais de paciência. Tem que ouvir mais e falar menos. Um bom padrasto dá o exemplo ao invés de dar lição de moral. Dar o exemplo é muito mais importante, na verdade. Seu enteado sabe perfeitamente distinguir um discurso vazio, sabe perceber quando você está sendo incoerente. Melhor do que a gente mesmo é capaz de se perceber. Tentar ser um bom ser humaninho costuma funcionar melhor. Seja melhor, porque é importante ser. Não abane um cartaz mostrando que está fazendo uma boa ação, não faça propaganda cada vez que fizer um gesto generoso. Apenas faça. Seja uma pessoa melhor. Cuide de si mesmo melhor. Faça exercícios regularmente, leia, estude, faça coisas diferentes, aprenda coisas novas. Talvez alguma dessas coisas possa despertar a curiosidade do seu enteado. Talvez ele possa lhe acompanhar em alguma coisa. Ou não. Eu sempre quis que meu filho aprendesse a pedalar. Sempre sonhei em pedalar com meu filho, como eu pedalei com meu pai. Não rolou. Nenhuma das minhas EX pedalava comigo, nenhum dos meus enteados tão pouco. Isso não significa que o fato de eu gostar de pedalar não tenha uma influência positiva. Eles vão perceber que você volta mais feliz, que você fica mais disposto na época que pratica exercícios regularmente. E por aí vai. São referências positivas. Se você tiver um bom relacionamento com a mulher com quem decidiu dividir o mesmo teto, isso certamente terá um impacto incrível na vida do seu enteado. Não se trata apenas de tratar bem da mãe dele. Se trata de oferecer uma possibilidade de amor positiva. De poder ser algo bom. Boas referências fazem toda a diferença.
No final, ser um bom padrasto deve significar mesmo ser um bom pai. Um bom pai não deveria fazer uma série de coisas idiotas que a gente sabe que não deve fazer como padrasto. Não sei se sou um bom pai. Não faço esse tipo de pergunta para o meu filho. Muito menos para os enteados. Eu me preocupo? Pra caráleo! Eu faço um bom trabalho? Espero que sim. Possivelmente meu filho e meus enteados tem uma opiniões bem diferentes… mas a gente segue tentando, e isso não depende do relacionamento com a mãe deles terminar ou não. Filhos são para sempre. Enteados também.
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PostgreSQL, o banco de dados mais amado… todo ano isso?
Então… saiu mais uma pesquisa do StackOverflow, e pra variar, só dá PostgreSQL de ponta a ponta… Não é só o DB-Engines não, geral e não é de hoje…
O Banco de dados mais amado…
O mais desejado (o que mais gente quer começar a usar)
O mais utilizado por profissionais
Sorte de principiante?
Só que não! Veja a pesquisa de anos anteriores…
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O futuro do PGConf.Brasil
O PGConf.Brasil 2022 está no ar, com tudo em cima para acontecer nos dias 26 e 27 de agosto:
- Há mais de 75 dias para o evento já temos mais de 100 inscritos
- Uma grade espetacular com 4 salas simultâneas resultado do maior CFP da nossa história, com 93 propostas recebidas
- Temos literalmente um engarrafamento de patrocinadores, e estamos tendo que lidar com o limite de espaço físico para estandes no saguão do evento
- Pela primeira vez vamos utilizar tradução simultânea para o auditório principal, que possui em sua maior parte palestrantes internacionais
- O Happy Hour também está garantido com as nossas tradicionais cervejas artesanais feitas exclusivamente para o evento pela Brew Club Co
- Estamos com um time incrível trabalhando diariamente na organização, incluindo boa parte da nossa equipe: eu, Fabrizio Melllo, Gabriel Baggio, Karin Keller, Letícia Mirapalheta, Mariana Oortman, Patrícia Muniz e Taís Bonizoli.
Enfim, com a seca de 2 anos sem eventos presenciais, este promete ser épico.
Em 2022, vamos será a nossa 10a Conferência Brasileira de Postgres, que já passeou um pouco por aí, já tivemos:
- 2007: PGCon Brasil em São Paulo / SP
- 2008: PGBR em Campinas / SP
- 2009: PGBR em Campinas / SP
- 2011: PGBR em São Paulo / SP
- 2013: PGBR em Porto Velho / RO
- 2015: PGBR em Porto Alegre / RS
- 2017: PGBR em Porto Alegre / RS
- 2018: PGConf Brasil em São Paulo / SP
- 2019: PGConf Brasil em São Paulo / SP
- 2022: PGConf Brasil em São José dos Campos / SP
Foi um longo caminho até aqui. Em 2006 a gente estava no CONISLI em pleno Anhiembi em São Paulo, quando juntamos uma turminha que já se encontrava em outros eventos como o FISL em Porto Alegre e resolvemos fazer um evento só para o PostgreSQL. Eu já vinha da organização de 3 Fóruns regionais do PSL ABCD e juntamos grandes figuras como o Leonardo Cezar, Diogo Biazus, Euler Taveira, Fernando Ike, Dickson Guedes e muitos outras figuras que fizeram história.
O primeiro evento em 2007 foi feito com apoio da Tempo Real Eventos, que tinha toda uma logística para fazer eventos e simplificou muito a nossa vida. A gente cuidou da grade e dos patrocínios, eles cuidaram praticamente do resto. A partir de 2008 nós resolvemos nos virar por nós mesmos, mas precisávamos de um CNPJ para receber o dinheiro das inscrições, patrocínios, e pagar os fornecedores, tudo de forma correta. Foi aí que surgiu a ideia de nos associarmos a ASL, que era a entidade responsável por organizar o FISL. Até cogitamos em criar a nossa própria entidade, mas isso daria muito trabalho e achamos mais prático nos associar a quem já estava na pista. Eles criaram uma conta bancária para nós e colocaram a disposição o pessoal da contabilidade para nos apoiar. Deu certo, apesar da burocracia, mas em 2017 o FISL estava literalmente desmoronando, precisávamos de um novo abrigo.
Em 2018 a Timbira assumiu esse papel e partiu pra cima da organização do evento, trazendo praticamente as mesmas pessoas envolvidas na organização dos eventos anteriores. E em todo o momento, os nossos eventos foram reconhecidos pela comunidade internacional como eventos da comunidade e não eventos da Timbira. Em 2018 já haviam regras claras sobre como fazer isso e um selo de “Reconhecimento de evento da comunidade“. Isto envolve coisas como autonomia da banca avaliadora do Call For Papers, e ter a maioria dos seus membros de fora da Timbira. Prestação de contas dos gastos e definição do destino para o lucro, coisas assim.
Estas regras para conseguir o selo foram sendo aprimoradas aos poucos e atualmente a comunidade internacional se posiciona explicitamente favorável a existência de organizações sem fins lucrativos para gerir estes eventos. Por outro lado, nos preocupamos aqui na Timbira em fortalecer a comunidade brasileira e todo o seu ecossistema em torno. A Timbira não lucra com a realização das conferências, exceto de forma indireta, assim como ganham todos os que participam. Portando no começo de 2022 a Timbira decidiu que este seria o último ano em que organizaremos o PGConf.Brasil, que devemos voltar a organizar o evento a partir da comunidade e não de uma empresa. Para isso o ideal seria caminhar para a criação de uma entidade própria para isso, uma OSCIP com as pessoas interessadas em colaborar com o PGConf.Brasil e outros eventos da comunidade.
Aprendemos com outras experiências de outras entidades do gênero que deram certo (como Associação Python Brasil) e que não deram certo (como Open Office Brasil). Com isso a ideia será limitar o escopo da OSCIP a eventos com reconhecimento da comunidade de Postgres. Assim podemos evitar problemas futuros e focar naquilo que realmente interessa: promover a comunidade de Postgres através de eventos que promovam a troca de conhecimento e o networking.Pessoalmente, eu acho que um bom começo seria discutir o assunto e montar um rascunho de como seria essa OSCIP junto com os participantes do canal PGConf.Brasil do Telegram. Gostaria muito que seja qual for a decisão da comunidade, ela se concretize até o encerramento do PGConf.Brasil 2022, já visando a organização do evento para 2023. Mas isso é uma posição pessoal, o que irá acontecer a comunidade é quem decide. Seja como for, não vou deixar de contribuir como membro da comunidade (como sempre fizemos), mas sim como sócio da Timbira. A Timbira já possui hoje uma conta bancária separada para o evento e todo o saldo ao final do evento deste ano será revertido para a entidade iniciar os seus trabalhos. Então, se você tem interesse em colaborar com o evento e estar junto conosco nessa jornada, convido você a entrar no canal do Telegram e iniciar esta jornada conosco. Vamos juntos?
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Tendências no mercado de banco de dados
Hoje saíram os novos dados do DB-Engines com os números acumulados até o final de maio/2022. Eu estou sempre acompanhando a evolução do Ranking . Não são infalíveis, mas talvez seja hoje a fonte de informação mais confiável que temos sobre o uso de bancos de dados. Infelizmente não existem números confiáveis sobre market share, uma vez que estamos falando de um mercado liderado por soluções Open Source, ou seja, não dá para contar o número de licenças pagas neste cenário. Para resolver esse problema o DB-Engines trabalha com uma pontuação baseada em menções em sites na internet, Google Trends, discussões no Stack Overflow e DBA Stak Exchange, oferta de vagas de empregos, Perfis no LinkedIn e relevâncias em redes sociais como o Twitter. Acho bastante razoável. E mais, eles acumulam dados de uma série histórica de quase 10 anos!
O futuro é livre?
Então deixe-me começar pelo final. Quero mostrar um gráfico muito significativo para ilustrar a minha afirmação no parágrafo anterior, onde afirmo que o mercado de banco de dados é hoje “liderado por soluções Open Source”:
https://db-engines.com/en/ranking_osvsc Você pode até dizer que no último ano há uma tendência de acomodação com os bancos de dados comerciais com 48,8% e os bancos Open Source com 51,2%. Mas é bem diferente de 10 anos atrás onde a relação era de 64,5% contra 35,5%. Não sei se a vantagem do Open Source vai aumentar pouco ou muito nos próximos anos, mas dificilmente vamos assistir uma reversão desse quadro num curto espaço de tempo. Por outro lado… crescem os bancos de dados como serviço na nuvem, que capturam softwares de código aberto, transformando em produtos fechados, como o Aurora da Amazon, fora os já tradicionais serviços como o PaaS ou DBaaS que se espalharam para praticamente todos provedores na nuvem, e agora temos novos Serveless Database na mesma linha. Então para aqueles que sonham com um mundo livre, as preocupações não são mais software de código fechado X código aberto….
Destaques para os últimos 12 meses
Olhando para os últimos 12 meses os destaques positivos continuam os mesmos que deram na virada do ano a medalha de ouro para o Snowflake e a medalha de prata para o PostgreSQL. Mas hoje a medalha de bronze não iria mais para o MongoDB que acumula uma baixa de 7,49 pontos nos últimos 12 meses, mas sim para o Microsoft Access! É isso mesmo, dá pra acreditar, ele cresceu 26.88 pontos no período. É claro que se você olhar para a evolução dele nos últimos 10 anos, temos uma tendência de queda, mas há uma recuperação realmente surpreendente recentemente. Alguém aí sabe me explicar? Eu esperava uma queda lenta e dolorosa para o Access, como vemos com o DB2, mas alguma coisa está empurrando o Access para cima.
Houve quem achasse que era pegadinha de 1o de abril esses dias:
https://twitter.com/MarkusWinand/status/1509904492304740381 De qualquer forma, impressionante é o crescimento do Snowflake que surgiu no final de 2016 e hoje figura na 13a posição do ranking com 96,42 pontos, devendo passar em breve competidores tradicionais como MariaDB, Cassandra e SQLite. Mas será que esse crescimento acelerado vai se sustentar por muito tempo? Não é novidade algum banco ter um rápido crescimento mais não sustentar por muito tempo, como por exemplo o MariaDB, o Elasticsearch, Redis, SAP Hana, Microsoft Azure Cosmos DB e mais recentemente o Microsoft Azure SQL Database.
Olhando o gráfico parece dizer que não… mas se eles continuarem a atrair investimentos, quem sabe? O fato é que romper a barreira dos 200 pontos e chegar no Top5 não é para qualquer um. Eu diria que a disputa até o 6o lugar permanece bem embolada:
Top5
Se a gente olhar apenas para o Top5, as coisas parecem bem mais estáveis. MongoDB e PostgreSQL ficaram embolados no 4o e 5o lugar por um tempo, mas há um bom tempo o PostgreSQL tem se consolidado na 4a posição. Vale notar que há 10 anos atrás o PostgreSQL estava com 195 pontos e hoje tem 620 pontos. Ou seja, triplicou de tamanho e mantem um crescimento bem sustentável. O MongoDB saiu de 101 pontos e está em 480 pontos, um crescimento maior ainda, mas não apresenta mais uma tendência de crescimento nos últimos meses.
Oracle, MySQL e Microsoft SQL Server lideram o topo do ranking com boa folga e com oscilações, mas mantém uma boa distâncias dos demais. Embora os 3 primeiros colocados tenham uma pontuação menor que há 10 anos atrás, apenas o SQL Server tem uma tendência clara de queda, saindo de 1249 pontos para 933 pontos.
Uma boa pergunta hoje é: Quando o PostgreSQL vai alcançar o Microsoft SQL Server? Se pensarmos que o PostgreSQL cresceu 425 pontos e Microsoft SQL Server caiu 316 pontos, a diferença atual de 313 pontos deve desaparecer nos próximos anos, com a diferença caindo mais de 100 pontos por ano. Será que em 2025 o PostgreSQL vai alcançar o 3o lugar?
E a nuvem?
Mas antes de dizer que a Microsoft está fora do jogo, é preciso tirar os pés do chão e ir para as nuvens… a Microsoft está investindo pesado numa série de novos produtos específicos para rodar na Azure:
- Microsoft Azure SQL Database em 15o lugar, com 86,01 pontos
- Microsoft Azure Cosmos DB em 27o lugar, com 40,98 pontos
- Microsoft Azure Synapse Analytics em 36o lugar, com 21,33 pontos
- Microsoft Azure Search em 58o lugar, com 7,61 pontos
- Microsoft Azure Data Explorer em 59o lugar, com 7,34 pontos
- Microsoft Azure Table Storage em 77o lugar, com 5,76 pontos
Me parece que a Microsoft está mudando de estratégia para investir mais na nuvem. E não está sozinha, claro, a AWS, líder no segmento tem seus brinquedinhos também:
- Amazon DynamoDB em 16o lugar com 83,88 pontos
- Amazon Redshift em 31o lugar com 26,19 pontos
- Amazon Aurora em 45o lugar com 13,14 pontos
- Amazon Neptune em 108o lugar com 2,82 pontos
- Amazon CloudSearch em 120o lugar com 2,21 pontos
- Amazon SimpleDB em 122o lugar com 2,10 pontos
- Amazon DocumentDB em 128o lugar com 1,87 pontos
- Amazon Timestream em 174o lugar com 1,02 pontos
- Amazon Keyspaces em 225o lugar com 0,58 pontos
Uma posição peculiar, o PostgreSQL
E a mesma estratégia pode ser verificada com o Google, Alibaba e Oracle. Notem que o PostgreSQL acaba aparecendo várias vezes no ranking com seus derivados, em diferentes situações além da 4a posição:
- PostGIS em 28o lugar, com 31,68 pontos
- Amazon Redshift em 31o lugar, com 26,19 pontos
- Netezza em 37o lugar, com 19,48 pontos
- Greenplum em 43o lugar, com 13,27 pontos
- Amazon Aurora em 44o lugar, com 13,14 pontos
- TimescaleDB em 83o lugar, com 4,56 pontos
- EDB Postgres em 123o lugar, com 2,10 pontos
- Citus em 133o lugar, com 1,74 pontos
- Postgres-XL em 208o lugar, com 0,71 pontos
- AgensGraph em 322o lugar, com 0,09 pontos
- ToroDB em 340o lugar, com 0,03 pontos
Isso torna o PostgreSQL realmente único no ranking, por ter derivações distantes como o Redshift, versões que são apenas extensões, como o PostGIS, Citus e TimescaleDB e adaptações para a nuvem, como o Aurora e agora o AlloyDB recém lançado pelo Google, que logo vai aparecer no ranking.
Sobre a Oracle
No meio disso tudo ainda me intriga o fato de outros produtos da Oracle não apareçam explicitamente no ranking, o que poderia até estar enviesando o resultado para cima e para baixo: se o Exadata e o Autonomous Database estiverem na conta da primeira posição, deixa a comparação com a Microsoft equivocada, se está faltando computar dados sobre eles, então a Oracle pode estar sendo subestimada no ranking, e eles terem uma influência maior do que parece. Novamente aqui, alguém tem algum palpite?
Conclusão
Seja como for, duas tendências parecem claras hoje em dia: Bancos de dados Open Source e baseados em OpenSource continuam ganhando tração… e sim, o futuro dos bancos de dados está na nuvem.
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Jogando Termo com Postgres
Esses dias, no meio do happy hour da Timbira, estava comentando da última partida de Termo, que virou mania recentemente. Aí uma colega perguntou qual a palavra você utiliza para começar o jogo? Após ver que o nosso expert Guedes já pegou o dicionário para brincar no banco de dados, resolvi responder à pergunta com um pouco de SQL e brincar também!
Preparação
Vejamos como começar… o jogo Termo tem uma página onde ele diz que utiliza um dicionário com licença livre, disponível aqui. Então, basta baixar o dicionário e importar no seu banco de dados (aqui estou fazendo com PostgreSQL, mas com algumas diferenças, você pode fazer em outros bancos de dados, claro):
CREATE TABLE palavras (p text); COPY palavras(p) FROM '/tmp/palavras.txt' ;
Ou seja, criei uma tabela chamada palavras com uma única coluna chamada p e importei os dados nela. Simples e rápido.
Depois resolvi filtrar apenas as palavras com 5 letras:
Notem aqui que eu utilizei a função unaccent, pois palavras acentuadas podem contar como mais de 1 byte.
SELECT p FROM palavras WHERE length(unaccent(p)) = 5;Brincando
Agora como seria saber quais palavras começam com TOR e terminam com A?
SELECT p FROM palavras WHERE length(unaccent(p)) = 5 AND unaccent(p) LIKE 'tor_a';
p ----- torda torba torga torma torna torra torsa torta torva torça tória (11 rows)
Já dá pra ver que é possível brincar bastante com isso.
Agora uma contribuição do nosso colega Guedes que eu tomei a liberdade de adaptar para o meu exemplo aqui. Quais são as letras mais utilizadas na primeira posição da palavra?SELECT substring(unaccent(p) FROM 1 FOR 1) letra, count() qt, repeat('█', (count()/40)::int) "%" FROM palavras WHERE length(unaccent(p)) = 5 GROUP BY 1 ORDER BY 2 DESC; l | qt | % --+------+------------------------------------------------------------ a | 2255 | ████████████████████████████████████████████████████████ c | 1623 | ████████████████████████████████████████ p | 1354 | █████████████████████████████████ m | 1347 | █████████████████████████████████ b | 1156 | ████████████████████████████ t | 1151 | ████████████████████████████ s | 1127 | ████████████████████████████ r | 1007 | █████████████████████████ f | 929 | ███████████████████████ l | 869 | █████████████████████ g | 86 7 | █████████████████████ e | 746 | ██████████████████ d | 690 | █████████████████ v | 613 | ███████████████ o | 610 | ███████████████ i | 598 | ██████████████ n | 575 | ██████████████ u | 413 | ██████████ j | 361 | █████████ z | 271 | ██████ h | 259 | ██████ x | 160 | ████ q | 82 | ██ k | 11 | w | 5 | y | 3 | (26 rows)
Melhor palavra para começar
E agora, para responder à pergunta da minha colega… eu quero saber primeiro quais são as 5 letras mais utilizadas no dicionário?
SELECT l, count(1) AS q FROM palavras, (SELECT CHR(i) AS l FROM generate_series(97,122) AS l(i)) AS letra WHERE p ~ l GROUP BY l ORDER BY q DESC LIMIT 5; l | q ---+-------- a | 942848 e | 808949 r | 720964 s | 714080 i | 703338 (5 rows)
Agora que eu já sei que são as letras A, E, R, S e I, vou procurar palavras que tenham apenas estas 5 letras:SELECT p FROM palavras WHERE length(unaccent(p)) = 5 AND unaccent(p) LIKE '%a%' AND unaccent(p) LIKE '%e%' AND unaccent(p) LIKE '%i%' AND p LIKE '%r%' AND p LIKE '%s%' ; p
-----aires areis eiras erais reais ieras rasei raies sairé sarei áries seira seria érias (14 rows)
E aí, vamos jogar?
SELECT p FROM palavras WHERE length(unaccent(p)) = 5 and unaccent(p) LIKE 'cai_a%' and p not like '%s%' and p not like '%r%' and p not like '%n%' and p not like '%g%' and p not like '%m%' and p not like '%t%' and p not like '%p%' and p not like '%l%' and p not like '%f%' and p not like '%x%' and p not like '%b%'; p --------- caída caiuá caiçá caíva (4 rows)
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8 de março…
Tanto blá blá blá no dia internacional da mulher, né? Cara, flores você pode mandar qualquer dia. De preferência mande quando ela menos espera. Elogie sempre, não apenas as mulheres, mas seres humanos em geral. Pode elogiar as suas plantas e seus animais de estimação também, todos agradecem.
Mas hoje, eu queria lembrar de uma estagiária que tive o prazer de conhecer numa multinacional em que trabalhei há uns anos. Ela fez faculdade numa das melhores universidades públicas do país, e morava em outra cidade e tudo o mais. Ela me dizia que nunca tomou um porre numa festa durante toda a graduação. Que várias amigas já foram abusadas e estupradas em festas após beberem um pouco mais.
Lembro de outra amiga que mora numa cidade vizinha aqui. Ela adora pedalar, mas sempre se queixa de que precisa de companhia para pedalar, pois, é muito perigoso sair sozinha. Que já passou perrengue antes por ser mulher e andar desacompanhada!
Lembro da primeira vez que socorri uma vítima de estupro, de 14 anos, saindo de uma festa, foi estuprada por um amigo que supôs que ele tinha o direito…, mas o chocante foi após levar ela na delegacia, chamar a mãe e ver toda aquela cena lamentável, foi ir tomar um café na padaria do lado e ouvir os comentários dos policiais sobre o caso.
E conheço tantas histórias de abuso de meninas em família… gente que coisa triste. É tão comum que parece normal. E tem gente que ainda pensa que educação sexual na escola não é importante…
Também me lembro de uma namorada que reclamava sempre que por mais que ela se destacasse, apenas os meninos do clubinho recebiam promoção. E, por outro lado… julgava que não precisava dividir a conta do motel, mesmo sabendo que naquele momento eu estava mal financeiramente…
Hoje eu queria que as mulheres pudessem andar por onde quiserem, que possam beber e vestirem o que quiserem, que possam ser respeitadas por seus parentes, seus pares, pelas autoridades, pela sociedade como um todo. Que possam se sentir seguras na sua casa, no seu bairro, na sua faculdade, no seu trabalho, na sua cidade, no seu país, na sua cultura. Que possam ter seu mérito reconhecido no trabalho, e evoluir na sua carreira tanto quanto os demais. E que assumam a responsabilidades pelos seus gastos e seus atos, como os demais também… Por fim, que as flores façam parte do nosso dia-a-dia, assim como o respeito e a solidariedade, para todos os seres vivos, igualmente.
OBS1: texto escrito originalmente no Facebook, era só pra ser um recadinho…
OBS₂: eu também adoro ganhar flores e, só pra deixar registrado, as minhas prediletas são as hortênsias.