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Lá fora
O sol está se pondo
vontade de entrar no carro
ir pra lugar nenhum
bora?
sem destino
sem hora pra voltar
sem despedidas
sem planos
sem adiar a vida
sem boletos nem alarmes
sem nada pra provar pra ninguém
sem nada para conquistar
com desejo
com paixão
com vontade
fé
sonhos
ideias
palavras
sorrisos
lágrimas
vento
sol
chuva
violão
lá fora
a noite já veio
e eu nem levantei da cadeira ainda
fome
cansaço
solidão
sonhos
até amanhã…
quem sabe? -
Carta ao meu filho: “escolhas”
Abertura inglesa… vou ter que aprender essa pra poder acompanhar. Pra quem não sabe, jogamos xadrez on-line há algum tempo. A abertura inglesa pode não ser tão exótica como ele me disse depois, mas está longe de ser das mais comuns, saindo com o peão do rei ou mesmo o peão da dama. Eu diria que ele tem um certo gosto por coisas menos óbvias. Diria mesmo que ele tem gostos e predileções incomuns para muitos adolescentes da sua idade. Nunca assistimos jogos de futebol juntos na TV, ou falamos sobre os melhores carros, ou sobre os heróis dos filmes de ação. Vimos pica-pau juntos quando ele era criança. Documentários no Discovery Channel, fomos em parques, fizemos trilhas, coisas assim.
O gosto musical dele é só dele. Embalei ele ao som de Beatles quando era bebê, a mãe colocou muita música italiana pra ele durante toda a vida, mas ele curte música eletrônica mesmo. Perguntei para ele sobre o assunto esses dias. E ele conhece muito mesmo. Não apenas ouve, conhece a história recente, se empolga ao falar do assunto, me explica a evolução. É escolha dele. Escolheu deixar os cabelos crescerem. Escolheu o jeito de se vestir, escolheu os amigos, escolheu ficar em casa.
Sempre achei que uma das coisas mais difíceis na vida é fazer escolhas. Tive algumas bem difíceis no caminho. Sempre procrastinei minhas decisões difíceis. Não decidir é uma decisão também. Deixar que outros decidam por nós é uma decisão cômoda. Mas assumir o ônus de suas decisões e seguir em frente é sempre o melhor caminho pra mim. Meu pai foi diagnosticado com diabetes ainda muito novo, estava na faculdade de medicina na época. E ele decidiu viver plenamente, decidiu morrer cedo. E arcou com a sua decisão. Não deixou bens para trás, não viveu muito tempo, mas teve uma vida plena, muitos amigos, e me ensinou muito. Nunca vi ele reclamar pelos mais de 10 anos que o castigaram depois do infarto. Ele tomou uma decisão e seguiu em frente.
Eu gosto muito de uma frase que o dramaturgo Antônio Abujamra, dizia para o seu filho:
“A vida é sua, estrague-a como quiser”
Parece um tanto cruel, mas é plena de sentido para mim. Cometa os seus próprios erros, trilhe o seu próprio caminho e arque com as suas decisões. Decidimos todos os dias. Se vamos estudar, se vamos escutar música, se vamos dormir mais, se vamos fazer exercícios, se vamos comer salada, se vamos ler ou ver um filme. Escolhemos se vamos dar atenção para um amigo, se vamos continuar um relacionamento com alguém, se vamos embora mais cedo. Escolhemos todos os dias. Se ficamos ou se vamos.
Eu fiz muitas escolhas ruins. E agradeço por ter feito muitas dessas escolhas ruins. Escolhi que queria mudar o mundo aos 17 anos. E errei muito ao achar que poderia fazê-lo. Mas não errei sozinho. Ao decidir, ao ir em frente independente do que os demais pensavam, trilhei meu caminho e encontrei outras pessoas nessa jornada. São meus amigos até hoje. Aprendi muito com meus erros, de modo que não seria eu mesmo hoje se não tivesse errado tanto. Tentar acertar, se lançar ao mundo, aprender com os próprios erros ao invés de culpar apenas o mundo à sua volta é uma arte difícil.
Temos o livre arbítrio por um lado, mas ao mesmo tempo estamos no mundo, em um lugar específico, em um momento histórico, crescemos numa família com uma cultura, com uma herança. E nesse momento eu sempre lembro de “O 18 de brumário de Luís Bonaparte”, que tive o prazer de ler, dizia algo assim logo nas primeiras linhas:
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”
Lembre-se sempre disso filho. As escolhas são suas, mas as possibilidades foram traçadas antes mesmo de você pensar que elas existiam. Não se culpe pelo mundo em que você vive hoje. Mas faça o que puder para que ele não seja ainda pior com a sua existência. Plante. Colha. Floresça.
Não tenho moral para lhe dar muitos conselhos hoje. Escolhi a profissão em que me encontro hoje na semana em que você nasceu, com meus 27 anos. Eu era coordenador de um projeto de ensino profissionalizante com inclusão social na época. O projeto era vitrine na cidade e parece que eu não estava me saindo muito bem no meu trabalho. Me ofereceram outras opções e dentre elas eu escolhi ganhar menos e cuidar dos computadores que tinham por lá… já que eu “tinha facilidade com essas coisas”. E eu me dediquei muito para virar essa chave. Acho que se eu pudesse dizer algo de realmente útil aqui seria para fazer alguma coisa com paixão na vida. Pegue algo que goste e tente ser bom nisso. Se dedique de verdade. Faça o melhor que puder. Tente aprender com isso. Independente do que os outros digam. Sem se comparar com os demais. Apenas tenha paixão por algo. E se encante com o fruto do seu próprio trabalho. Nada mais gratificante do que ver algo seu tomar forma. Pode ser uma escultura, pode ser um texto, pode ser uma música, pode ser uma ideia. Mas gaste tempo com isso. Se dedique de verdade. A vida não faz muito sentido sem paixão. Se apaixone por si mesmo, por aquilo que tem potencial para fazer. Faça. Aconteça. E às pessoas ao redor irão lhe reconhecer não por aquilo que você fala, não por aquilo que você gostaria de fazer, mas por aquilo que você constrói ao seu redor. E as pessoas certas irão aparecer na sua vida, os caminhos se abrirão a partir desse ponto de partida.
E hoje é o seu grande dia. Estou aqui radiante e feliz de você fazer as suas escolhas hoje. Talvez as possibilidades não sejam aquelas que você queria. Talvez a pandemia o deixe triste. Talvez você ache que não foi tão bem como poderia. Mas é o seu momento. De errar, de acertar e decidir o que vai fazer nos próximos anos. Não se assuste, você tem o direito de errar como o filho do Abujamra, você não terá todas as variáveis na mão, como dizia Karl Marx, mas você trilhará o seu caminho, único, seu. E deixará pessoas para trás no caminho, e encontrará novas. Encontros e despedidas irão acontecer. Pessoas nascem e morrem todos os dias. Lembre-se sempre do que lhe ensinou a aeromoça no avião:
“Em caso de emergência, coloque a máscara em si mesmo antes de ajudar os outros”
Parece um tanto egoista, mas o egoismo nada mais é do que um instinto de sobrevivência, como a dor, que alerta que algo não está bem e requer a sua atenção imediata. Se você não se preservar antes dos demais, não terá oxigênio para ajudar os demais, e irá morrer junto com eles, e deixará todos morrerem em vão. Coloque a máscara primeiro em você mesmo. Você precisa pensar em si mesmo antes. Precisa tomar suas decisões pensando em si mesmo. Em onde quer chegar, sem medo de ser feliz. Sem medo de deixar os pais e amigos para trás. Trilhe o seu caminho. Eu estarei aqui para lhe apoiar pelo tempo que me for possível. E o farei porque pude cuidar de mim mesmo primeiro também.
Mas, uma vez que esteja bem, uma última coisa eu queria lhe dizer. O mundo é um lugar melhor se for um mundo melhor para todos, não apenas para você. Há quem não acredite em altruísmo genuíno, que ninguém faz coisas boas para o próximo, senão para aplacar as suas próprias dores. Que todo gesto de caridade é um gesto egoísta. Desculpe Pondé, mas você está absolutamente enganado. O mundo precisa do bem comum. Precisamos que não haja miséria para que todos tenhamos uma vida mais digna. A vacina não funciona se apenas algumas pessoas tomarem suas doses… Não basta prosperar por si e para os seus, se ao seu redor todos sofrerem terrivelmente. Não acredite que para vencer na vida você precisa pisar sobre os demais. Essa ideia de que existem vencedores e vencidos é uma ótima forma de se dirigir ao caos, à “guerra de todos contra todos”. Viver em sociedade é acreditar que precisamos de um espaço público bom para todos. Que as ruas devem ser seguras para todos, que todos devem ter boa educação e saúde, que todos devem ter um abrigo para dormir no final do dia. E só assim todos poderemos ter uma vida melhor. Acredite em situações onde todos ganham. Há anos estamos aqui trabalhando com “Software Livre”, ou “Código Aberto”. Não é uma escolha inocente. Não compartilhamos o conhecimento de forma inocente. É a nossa forma de contribuir para todos. É o nosso quinhão. Todos ganham quando dividimos. E todos crescemos.
Errei muito na vida filho. E continuo errando. Sei lá quantos erros cometerei hoje. Mas queria te dizer que te amo muito filho. Tenho muito orgulho dos seus erros e acertos. Estou aqui torcendo por você, espero que saiba que poderá sempre contar comigo. Mas hoje é o seu dia. Vai lá e faça as suas escolhas, sem medo, com coragem. E siga a sua vida.
Te amo muito mesmo, só queria lhe dar um grande abraço hoje. Obrigado por fazer parte da minha vida e dos meus erros.
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Pra viver um grande amor
Sempre acreditei (e continuo acreditando) que o universo é um cara com grande senso de humor, mas também infinitamente generoso com a minha pessoa. Se você meu caro leitor quiser trocar a palavra universo por Deus, fique à vontade também. O fato é que há quase 6 anos atrás, conheci uma das pessoas mais incríveis e que definitivamente influenciou e influencia demais a minha vida. Tive o privilégio de dividir o mesmo teto, de aprender e quiçá de ensinar alguma coisa também.
Eu realmente sei que não tenho a competência devida para falar de alguém tão especial, mas queria aqui deixar registrado algumas poucas palavras no dia do seu aniversário. Queria aqui deixar aquele abraço apertado que só você pode dar. Aquele abraço que foi sempre verdadeiro, inteiro, completo, sincero. Sempre. No pior dos dias, na dor, não houve um abraço que não tenha sido especial. E por jamais se negar ao afeto, isso seria talvez tudo que fosse preciso ser dito. Alguém cuja generosidade e o amor brota aos borbotões. Alguém que se nega a exalar o rancor, a mágoa. Alguém que mede cada palavra e cada gesto pela capacidade de agregar algo de bom ao próximo. Será que você tem a noção do que é conhecer uma pessoa assim?
É claro que a história não para por aí. A capacidade de enxergar o outro é de longe a sua habilidade mais fascinante. Engana-se quem pensar que isso é um dom. Nada mais equivocado. Olhar o outro, perceber e sentir o outro pode parecer algo mágico, mas é um longo aprendizado, um investimento de décadas de observação, de dedicação e de treino. Essa habilidade é algo que sempre me assombrou, sempre me encantou. A capacidade de ler as pessoas e situações se complementam com algo ainda mais incrível: a capacidade de reagir e modular ações para promover mudanças com o mínimo de interferência no outro. Uma delicadeza, uma sutileza e uma energia que age às vezes quase invisivelmente.
Junte a tudo isso o sorriso, o olhar apaixonado pela vida, o gosto pela música, pelas artes, pelo conhecimento. A capacidade de se reinventar, de crescer e se conhecer. E seguindo por aí vem um monte de qualidades e claro, alguns defeitos também. Mas junto com os defeitos veio a capacidade de se rever de buscar novos caminhos.
Foi meio chocante para mim quando ela quis abandonar a educação. Foi e sempre será uma professora excepcional, que consegue ver cada aluno em sua individualidade, na sua especificidade, nas suas demandas, nas suas interações com o grupo e traçar estratégias para puxar o melhor de cada um. Mas nessa busca de se rever apareceu na sua vida a psicanálise e um novo caminho para seguir. Tive o privilégio de acompanhar um pouco dessa trajetória. E tenho que dizer que aquele que deitar no seu divã terá um grande privilégio. E quem teve ou tiver essa oportunidade, saberá que tenho razão.
E fui muito feliz ao seu lado. Muito? Fui feliz para caraleo. Um amor para a vida toda. Um grande amor. E sempre disse e continuo repetindo: vou te amar para sempre. Mas para viver um grande amor, é preciso permitir que ele acabe. Deixar que vá embora. E eu fui embora um dia. Demorei muito para criar a coragem para isso. Provavelmente foi a decisão mais difícil da minha vida. Me senti um monstro por querer ir embora. Mas fui. E chorei e chorei e sofri por isso. E mesmo assim, como eu disse logo no começo, o universo é maroto. E hoje, posso dizer com lágrimas nos olhos: Kim, você é a minha melhor amiga. Saiba que poderá sempre contar comigo e sempre vou lhe amar, lhe admirar e lhe apoiar. E sempre poderemos nos abraçar. Porque um amor de verdade, não acaba. Não morre, no pior dos casos, você ressignifica, e segue. Da mesma forma, espero que meu filho possa ser sempre seu amigo, como quero demais que seus filhos sejam sempre meus também. Por que gosto deles demais. E as portas da minha casa estão aqui sempre abertas. Para celebrar a vida e para chorar também.
E hoje é seu dia, mas o presente mesmo vai para quem teve a oportunidade de lhe conhecer. E o universo é mesmo incrível, você existe nele.
Um grande abraço,
Fábio Telles Rodriguez
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Amenidades
Um dia ameno
Caminhar cedo com o dia ainda fresco
O sol lá fora depois da neblina
2842 pessoas mortas ontem
Caminhar, trabalhar, cozinhar
Limpar a casa
Serão mais de 3 mil hoje?
O que vamos fazer no FDS?
Preciso comprar cebolas
Preciso concertar o sofá
Quebrou feio
Não vai dar pra compra outro tão cedo
Saudades de você
Vontade de fugir
Será que vamos dar conta de tudo no trabalho?
Vamos poder ver um filme aqui em casa?
Volto a tocar violão?
Quando vou voltar a ler?
O que ler?
Vontade daquele abraço
Vontade de chorar
Amenidades
A vida segue
As pessoas morrem
Os amores mudam
As pessoas seguem, ou não -
Canção do Sal
Há uns 20 anos atrás eu dava aula de alfabetização de adultos numa creche cravada dentro de uma favela perto de onde eu morava. Uma vez por semana eu ia lá dar aula. Provavelmente eu estava longe de ser um bom alfabetizador, mesmo nas aulas de matemática eu não era lá essas coisas. Tem gente que acha que dar aula é algo simples, que qualquer um faz, mas não é beeem assim. Mesmo assim, uma das situações mais emocionantes que eu já passei em sala de aula aconteceu lá.
A Vilma era uma mulher batalhadora, ia de bicicleta para o trabalho e fazia faxina uma empresa de alimentação. Ela foi se alfabetizar depois que seu filho que tinha se formado em engenharia dizia que ela era burra, pois nem sabia ler e escrever. Eu achei essa história bem triste e fiquei com ela na cabeça por dias até que eu lembrei da música do Milton Nascimento, chamada “Canção do Sal”. Depois eu coloco a música aí embaixo pra você ouvir, na mesma versão da Elis Regina que eu usei para levar na sala de aula. Mas em resumo uma das estrofes diz assim:
Trabalhando o sal pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola problema maior é o de estudar
Que é pra não ter meu trabalho e vida de gente levar
Imprimi cópias da letra, arranjei um aparelho de som e fui eu lá para a minha aula. Ouvimos a música, trabalhamos as palavras chave, a leitura da letra, etc. Tive que explicar o que era uma salina, como se extraia o sal da água do mar, pois eles nunca tinham ouvido falar sobre isso. E de onde vinha a expressão de “estar no sal”. Sobre o quão sofrida é a vida de quem trabalha no sal.
E no final falamos sobre o trabalho duro que os pais fazem para que os filhos possam ter uma vida melhor, que possam estudar e ter uma vida digna. E claro, olhei pra Vilma e disse abertamente na sala de aula que ela não era burra. Pois uma pessoa burra jamais teria se empenhado tanto para oferecer a oportunidade que ela não teve para o próprio filho. Que o amor aos filhos, o sacrifício de todos os dias não pode tirar o orgulho deles de ter feito o melhor com o que tiveram. E se hoje eles estão estudando numa sala de aula de uma creche improvisada para adultos depois de um dia duro de trabalho, isso deveria ser motivo de maior orgulho ainda. Me curvei para a turma e disse que eu ali, tenho muito orgulho de todos eles e era uma honra para mim que tive a oportunidade de estudar, poder dividir um pouco do que eu aprendi com eles.
E essa turma chorou e se abraçou como nunca vi numa sala de aula na minha vida. Nunca me esqueci da Vilma, que pra mim é a cara do Brasil que eu acredito. Risonha, batalhadora e sofrida também. As Vilmas são as nossas verdadeiras heroínas anônimas do dia-a-dia.
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CHAR para VARCHAR
Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante… lá na era do COBOL, os dados eram armazenados de forma tabular e os dados eram armazenados em uma tabela onde cada coluna ocupava espaços fixos nessa tabela. Assim, o CEP ocupava a posição de 1 a 7, o número de 8 a 12, o logradouro de 13 a 33 e assim por diante. Quando criaram os bancos de dados relacionais foram criados, criaram tipos de dados para strings com tamanho fixo que funcionam de forma semelhante, o CHAR. Infelizmenteo CHAR armazena desnecessariamente espaços em branco e foi substituido posteriormente pelo VARCHAR que são strings com tamanho variável bem mais flexível e se tornou padrão.
Por motivos que não vem ao caso, muita gente ainda usa CHAR em bancos de dados. Vou demonstrar aqui de forma simples, como converter numa simples tabela um campo CHAR para VARCHAR pode economizar imediatamente 40% do espaço da tabela:CREATE TABLE t (n integer, v char(100)); CREATE TABLE INSERT INTO t SELECT n, repeat('x',round(random()*100)::integer) FROM generate_series(1,1000000) n; SELECT * FROM t limit 10; n | v --+------------------------------------------------------------------------------------- 1 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 2 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 3 | xxxxxxx 4 | xxxxxxxxxxxxxx 5 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 6 | xxxxx 7 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 8 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 9 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 10 | xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx (10 rows)
\dt+ t List of relations Schema | Name | Type | Owner | Size | Description -------+------+-------+----------+--------+------------- public | t | table | postgres | 135 MB | (1 row)
ALTER TABLE t ALTER v TYPE varchar(100); ALTER TABLE \dt+ t List of relations Schema | Name | Type | Owner | Size | Description -------+------+-------+----------+-------+------------- public | t | table | postgres | 83 MB | (1 row)
Como se vê, a tabela, mesmo sem índices, caiu de 135MB para 83MB. Agora eu montei um script rápido para listar as tabelas com colunas do tipo CHAR:
SELECT n.nspname, c.relname, a.attname, a.attnum, atttypmod FROM pg_type t JOIN pg_attribute a ON a.atttypid = t.oid JOIN pg_class c ON c.oid = a.attrelid JOIN pg_namespace n ON n.oid = c.relnamespace WHERE t.typname = 'bpchar' AND n.nspname NOT IN ('pg_catalog', 'pg_toast', 'information_schema') ORDER BY 1,2,3 ;
Por fim, montei um script para alterar todos os campos CHAR para VARCHAR, tomando o cuidado para alterar vários campos num único ALTER TABLE para não ter que reescrever tabelas mais de uma vez:
SELECT 'ALTER TABLE ' || n.nspname || '.' || c.relname || string_agg ($$ ALTER $$ || a.attname || $$ TYPE varchar($$ || a.attnum || $$)$$,',') || ';' FROM pg_type t JOIN pg_attribute a ON a.atttypid = t.oid JOIN pg_class c ON c.oid = a.attrelid JOIN pg_namespace n ON n.oid = c.relnamespace WHERE t.typname = 'bpchar' AND a.attnum > 1 AND n.nspname NOT IN ('pg_catalog', 'pg_toast', 'information_schema') GROUP BY n.nspname, c.relname ORDER BY n.nspname, c.relname ;
Vale a recomendação: teste antes de usar isso em produção!
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Sem título
Há uns dias atrás eu li um post no Facebook daquelas poucas pessoas que eu conheço e admiro à distância. Nunca tive uma relação muito próxima, mas sempre acho que deveria. Enfim, admiro o trabalho e o posicionamento. Ele era “o cara que desenhava bem”. Fez mais de uma vez a capa do jornal do grêmio, que provavelmente fizeram muito mais sucesso do que o resto do jornal. Também fez o logo da nossa empresa, a Timbira, um trabalho pelo qual eu tenho um carinho enorme. Ele realmente manda muito bem. Enfim, nesse post ele discorre sobre os motivos pelos quais ele parou de desenhar. E isso me impactou de forma que eu não poderia prever.
Eis que hoje eu estava comentando na terapia como é bom poder voltar para a academia, mesmo com todos os cuidados, usando máscara etc e tal. Deixo aqui minha eterna gratidão ao pessoal da Equipe3, a academia que eu frequento que além de ser uma academia que eu consigo dizer que não detesto, montou um esquema de horário agendado, com espaço reservado, material de limpeza individual e descartável, etc, etc, etc. Chegar às 7h da manhã na academia definitivamente não é fácil. Tem dia que chove, tem dia que faz sol, tem dia que faz frio, tem dia que você quer que o mundo se phoda mesmo. Mas sair da academia é uma sensação incrível. O mundo fica mais leve. Depois de uns 2 meses a vida toda fica mais leve, mais flexível, e claro, eu perco peso. Mas a gente vive se sabotando. E sempre tem um bom motivo para faltar aquele dia, aquele outro, etc. Eu sei que me faz bem, mas é muito fácil parar. E a pandemia foi a desculpa ideal.
No começo da pandemia eu realmente fiquei com medo. E não foi só paranoia. Dia sim, dia não, ligava um cliente pedindo desconto. E vimos o nosso faturamento cair uns 40% de uma hora pra outra. O resultado é que eu parei com tudo que não era essencial, e nisso a academia foi a primeira a dançar. Além disso, minha relação com a academia é como São Paulo, quase todo mundo odeia e ama essa cidade. Bom, pra mim, é assim.
Foi um grande exercício para largar um emprego formal e acordar todos os dias e atender os clientes sem um chefe no cangote. Me dedicar a várias coisas da empresa como marketing, comercial, emitir notas, cuidar de contratos, etc e tal. Isso exigiu uma disciplina. Mas é uma disciplina meio imposta. Se não faz isso, morre na praia em menos de 6 meses.
Se você para de cuidar do seu corpo, você não morre em 6 meses, mas começa a sofrer e toda a sua qualidade de vida vai se perdendo, não importa o quanto sucesso você faça no trabalho.
Toda essa lenga-lenga, pra dizer que decidi voltar a escrever. Por puro prazer, por ser algo que eu gosto de fazer. Eu confesso que sou vaidoso com o que escrevo. Adoro ser lido. Eu escrevo para mim, mas escrevo para ser lido também. Podem me julgar. Mas além da preguiça que é o que me deixa muitas vezes longe da academia, eu tenho lá meus motivos para parar por tanto tempo…
- Ter uma empresa, boletos e participar de comunidades de software exigem uma postura mais neutra. Nesse clima de extremos no nosso país se acirrando cada vez mais, se você assume ardorosamente uma posição, você pode sacrificar o seu negócio, pode sacrificar também a sua posição como mediador na comunidade.
- Escrever muitas vezes tem a ver com experiências pessoais que eu acredite que são ricas para mim mesmo a ponto de querer compartilhar. Não tenho o menor saco de escrever texto motivacional e ficar costurando frases feitas. Ok, ok… eu sei. Eu uso chavão pra caraleo quando escrevo, mas para mim pelo menos é algo genuíno, é apenas um defeito de não saber expressar algo de forma mais original.
- Escrever artigo técnico é chato pra cacilda. Dá um puta trampo pra fazer lab, testar, documentar, etc. E honestamente, o ritmo de trabalho acaba me tirando um pouco desse pique no dia-a-dia. Espero que volte o pique, como quando a gente passa a frequentar a academia por mais tempo e sai fazendo as coisas com menos esforço, como se fosse algo natural.
Enfim, provavelmente não vou escrever nada que preste por um bom tempo, mas quero tentar escrever pelo menos uma vez por semana. Algo que faça sentido para mim. Eventualmente pode fazer sentido para você também, eventualmente pode sair algo bom. Mas por enquanto, quero apenas voltar a escrever. Quero poder conversar com as pessoas. Sinto falta gente. Sinto falta de vocês. E tá na hora de voltar a fazer o que a gente gosta, mesmo que dê trabalho. Eu gosto pacas do meu trabalho, fazer bancos de dados rodarem mais rápido é divertido sim. Mas escrever… escrever pra mim é uma experiência e tanto.
E você, o que acha de deveria voltar a fazer?
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Home Office de A a Z
Com o COVID-19, o home office veio pra muita gente que nunca trabalhou em casa. Aqui na Timbira, isso já é regra há algum tempo, cada colaborador trabalha na sua casa, ou não. Fica a critério de cada um. Mas leva um tempo até se acostumar com tudo isso e não é fácil montar um ambiente de trabalho descente em casa. No entanto, se por um lado a pandemia ainda leva um tempo, muita gente sabe que chegou o novo normal e trabalhar em casa pode não ser algo passageiro. No meu caso eu levei anos aperfeiçoando tudo. Vou contar um pouco da minha saca e a minha experiência pessoal nisso tudo.
Home Office todo dia?
Eu gosto muito de trabalhar em casa. Inicialmente eu comecei a trabalhar 2x ou 3x por semana quando estava ainda num emprego formal numa multinacional. Depois passei a trabalhar direto em casa só na Timbira. Vou dizer que acho que ficar 7 dias por semana em casa é ruim. Você deveria sair pelo menos 1x ou 2x por semana de casa e ir trabalhar fora. Algumas opções:
- Procure alguma cafeteria, padaria, etc e separe uma tarde ou manhã com tarefas menos críticas para fazer e leve o seu notebook.
- Alugue um coworking
- Encontre a empresa de algum amigo e vá visitá-lo de vez em quando. Aproveita e marque um happy hour no final do dia. Até o início da pandemia eu estava visitando o pessoal da Necto lá no Pq Tecnológico de SJC.
- Monte um escritório com alguns amigos, compre um frigobar e dividam o aluguel. Em cidades menores você consegue fazer isso com um custo relativamente baixo.
Sobre a rotina do dia-a-dia
A coisa mais fácil do mundo é virar ogro trabalhando em casa. Logo, é importante criar algumas rotinas. Tomar banho cedo, se trocar, tomar café-da-manhã, coisas assim. Nada de trabalhar com roupa de dormir. Além das conferências durante o dia, é bom separar o momento de lazer do momento de trabalho. As pessoas na sua casa também vão entender melhor o seu momento e respeitar o seu horário de trabalho.
Outra coisa que para mim é fundamental é sair de casa todos os dias. Seja para almoçar, ir caminhar, ir na academia ou dar uma volta na praça. Saia de casa. A sua qualidade de vida agradece.
O espaço físico
Sem dúvida a parte mais difícil é escolher um local adequado de trabalho. Ainda mais se você tem várias pessoas morando na mesma casa, crianças, cachorro, etc. A vizinhança também é um fator que pesa, particularmente no nível de barulho.
Eu comecei trabalhando no meu quarto mesmo, como a maioria das pessoas. Tinha uma mesa com bom tamanho, mas trabalhar no quarto está longe de ser algo desejável. Se for por pouco tempo OK, mas se for por mais tempo, melhor pensar em alternativas. A solução para mim foi me mudar. Me mudei para um apartamento maior, com um quartinho pequeno mas bem arrumado com bom espaço, armários e uma mesa enorme feita sob medida. Além disso a parede tinha um fundo falso com passagem embutida para cabos. Foi um grande avanço na época. O andar era alto, os vizinhos silenciosos e eu tinha um espaço separado no apartamento só para trabalhar.
Meu primeiro escritório de verdade. Mas além do quarto não ser muito grande, havia algo que me incomodava. Não havia uma janela e o quarto era muito abafado e quente no verão. Tinha que trabalhar com um ventilador ligado direto às vezes. Foi quando eu decidi mudar para o interior de SP e ir para São José dos campos, dessa vez para morar numa casa e não num apartamento. Com o aluguel que eu pagava no apartamento e condomínio, eu podia pagar por uma casa maior num bom bairro de SJC. Assim, eu escolhi uma casa que tivesse um quarto só para o meu escritório ao invés de um quarto de empregada adaptado.
Com mais espaço, janela, uma boa vista eu depois incorporei um ar condicionado desses quente e frio que melhorou muito minha qualidade de vida. Eu não ligo o ar condicionado o tempo todo, só quando está muito frio ou muito quente. E dificilmente o dia todo, mas ajuda muito.
Escritório atual Ok, não é todo mundo que tem esse tipo de oportunidade. No entanto, durante a pandemia, vi pessoas que se mudaram para a praia por exemplo. Quando você não depende mais de ir até a empresa com frequência, algumas coisas mudam na sua forma de pensar. Foi assim que eu decidi mudar de cidade.
Alguns critérios que eu levei em consideração foram a disponibilidade de serviços como internet, iFood, Uber, etc. Sem isso minha vida fica bem mais complicada. Algo que deixei de ter também foi um carro próprio. Estar próximo de São Paulo e de um bom aeroporto também foi importante para mim. É comum ter que viajar à trabalho e temos alguns clientes grandes em São Paulo. Não ir morar longe demais me descomplica a vida.
Mobiliário
Antes de pensar em equipamento, você deveria pensar nos móveis. Não adianta ter equipamentos de última geração e não ter onde enfiar tudo ou ficar desconfortável o tempo todo. Ter bons móveis faz toda a diferença.
A mesa
Ter uma boa mesa, com altura, profundidade e largura suficientes ajuda muito. Já tive mesas altas, mesas apertadas, etc. Eu realmente gosto da sensação de ter espaço. Isso varia para um pouco de pessoa para pessoa. A primeira coisa que eu penso ao olhar para uma mesa é o suporte dela. Existe alguma chance da mesa balançar? Você pode parafusar a mesa direto na parede para ter mais firmeza? Quanto peso ela aguenta? O suporte da mesa atrapalham a circulação das pernas? Vai por mim, antes de olhar por cima da mesa, olhe por baixo. Elimine de cara qualquer modelo que limite a circulação das pernas.
O material e o acabamento é algo que deve ser levado em consideração. Quando eu cheguei na casa onde estou hoje, já havia um móvel de escritório antigo aqui. E eu acabei utilizando ele por um tempo até encomendar a minha própria mesa com um marceneiro. Mas logo de cara eu tive que remover o tampo de vidro sobre a mesa. Nada contra o acabamento em si, mas o mouse não funciona bem com o tampo de vidro e eu não gosto de usar mouse pads, apedar de estar na moda os desk pads, bem maiores alguns em couro, onde você coloca o teclado e o mouse. Uma opção a se considerar para a sua mesa. Alguns materiais também podem grudar na sua mão ou no seu braço se você transpirar. . Seja como for o acabamento deve ser relativamente resistente a riscos e confortável para as mãos. Bordas arredondadas no tampo também são importantes, pois os seus braços vão repousar sobre a mesa e o teclado com frequência. Será bastante desagradável se a borda da mesa machucar os seus braços ou punhos.
Independente do tamanho, a altura é realmente importante. Uma mesa deve ter altura de até 75cm. Pode variar um pouco com a sua altura, mas essa é a medida padrão de móveis para escritório. Você pode achar outras mesas muito simpáticas, mas se forem mais altas, serão bastante desconfortáveis. Outra opção mais moderna e que vem ganhando adeptos são as mesas com altura regulável, que permitem você mudar de postura e até trabalhar de pé também. Um exemplo é a Geniodesk, uma opção bem interessante e fabricada no Brasil.
Leve em consideração também furos para passagem de cabos, calhas organizadoras por cima ou por baixo da mesa, suporte para tomadas, etc. Existem pessoas especialistas em organizar cabos, utilizando diferentes acessórios. Pra mim, o mais importante é que os cabos não fiquem espalhados sobre a mesa e não atrapalhem a livre circulação das pernas por baixo da mesa. Um mínimo de organização será necessária. Se você tiver um desktop por exemplo, ficará bem feliz em conseguir colocar a CPU debaixo da mesa e livrar um bom espaço, mas talvez precise comprar cabos mais longos. Existem também suportes para colocar a CPU pendurada debaixo da mesa, pode ser uma opção interessante. Se você tiver um gabinete ATX como eu, talvez não se sinta muito seguro com algo tão grande e pesado pendurado debaixo da mesa…
A cadeira
Durante muito tempo eu utilizei cadeiras de escritório bastante razoáveis. Não duram muito mas são OK. Uma boa cadeira é mais do que uma questão de conforto, tem haver com a sua capacidade de trabalhar horas sem ficar com dores nas costas por exemplo. Tem haver com ergonomia. Existem sim boas cadeiras de escritório com boa ergonomia. A Flexform por exemplo oferece cadeiras com encosto alto e ajustes de inclinação etc e tal. Você pode optar por um modelo com revestimento couro ecológico mais conhecido como poliuretano (PU) como a Klass black leather que vai esquentar mais no verão, particularmente se você não tiver um ar condicionado. Você também tem opções como a que eu utilizei um bom tempo que são com tela mesh que prometem esquentar menos e costumam ser um pouco mais baratas.
Se você estiver disposto a investir numa cadeira de escritório realmente incrível e tiver bala na agulha, certamente vai acabar olhando as cadeiras da Herman Miller vendidas pela Atec como a Aeron Chair ou a Embody. São cadeiras incríveis, mas com preços também incríveis, ainda mais com o dólar alto. Recentemente a Hermam Miller se juntou com a Logitech para fazerem uma versão gamer da Embody. Eu acho interessante, mas o preço…
Enfim temos as cadeiras gamers que foram adotadas pela maioria da turma de TI. Eu resisti por muito tempo e acabei comprando uma também, um pouco mais discreta, sem cores chamativas. Mas confesso que gostei muito. No meu caso eu optei por uma Noble Chair modelo Hero, que não foi barata, mas tem uma qualidade realmente muito boa.
Seja uma cadeira de escritório, seja uma cadeira gamer, você tem que ficar de olho mais ou menos nas mesmas coisas:
- A altura do encosto deve cobrir toda as suas costas. O encosto para a cabeça é bem opcional, não faz muita diferença na prática
- O material com que é revestido o encosto e o assento, faz muita diferença no conforto e no calor que você vai sentir.
- O peso que a cadeira suporta, particularmente o mecanismo e a espuma do assento. A DX Racer por exemplo tem BOSS B121-N que eu considerei muito comprar e suporta até 200Kg. Se você está acima do peso… lembre-se disso ou sua cadeira vai para o lixo em pouco tempo.
- Os mecanismos de ajustes como altura e inclinação do encosto são bem importantes para conseguir uma boa postura de trabalho.
Fora isso, o seu gosto pessoal importa também claro. Cadeiras são alvo de adoração por qualquer pessoa que se interessa por design, então é bem possível que você ache algo que tenha um pouco da sua personalidade também.
Suporte para monitores
Não é besteira não. Além de ajudar a liberar espaço na sua mesa, suportes articulados ajudam muito a você posicionar seus monitores na altura e posição ideal. Se você tem mais de um monitor então, vai ver que sua vida muda completamente ao adotar um suporte duplo desses. E você pode utilizar um desses também para apoiar o seu notebook. Uma solução elegante que pra mim melhorou muito o meu local de trabalho. No meu caso, o meu terceiro monitor, já velho de guerra está apoiado na minha coleção de livros do “Guia do Mochileiro das Galáxias”, mas os 2 principais eu uso com suportes a gás mesmo.
Gaveteiros, armários, estantes & Cia
Eu tenho um certo horror a deixar papeis espalhados pela mesa. Além de me distraírem, dão a impressão constante de bagunça. Há quem diga que você será mais produtivo se tiver um ambiente de trabalho mais organizado. Então algumas gavetas, um armário, prateleiras, o que for. Tenha um lugar para guardar a papelada de forma minimamente organizada. Não precisa gastar muito nisso. Eu comprei um gaveteiro simples de madeira num desses sites de móveis para montar por um preço muito razoável. Ele fica debaixo da minha mesa e quase não aparece na minha frente. Pra mim resolve. OK, eu tenho prateleiras com bidulaques variados com canecas, livros, etc. Não é necessário. No meu caso, as prateleiras já estavam aqui quando eu cheguei.
Outros móveis
Eu não sei você, mas na minha lista ainda tem algumas coisas que eu gostaria de acrescentar com o tempo no meu escritório. Nada fundamental, mas sonhar não custa nada…
- Um sofá-cama para receber pessoas e poder utilizar o escritório como um quarto de hóspedes ocasionalmente;
- Um frigobar… esse dispensa comentários. Vai me dizer que você não gosta da ideia?
- Uma rede… eu tenho uma varanda anexa ao escritório. A varanda já estava lá quando eu cheguei… não custa nada colocar a rede!
- Um aparador com água e café…. eu sei que todo mundo tem sua garrafa d’água, mas uma máquina de café ou um galão de água poderia ser uma boa, não?
Equipamentos
Agora vem a parte mais fácil da brincadeira…. mas há alguns cuidados importantes. Se você priorizou os móveis, pode não estar com um orçamento folgado para investir em equipamentos, então vamos pensar em termos de prioridades…
Internet
Um link de pelo menos 50Mbps é o que se espera da maioria das pessoas que trabalham em casa. Com 10Mbps suas conferências serão um inferno. Sério. Quem tiver a graça de ter disponível uma internet como a Vivo fibra, pegue, antes que alguém pegue antes de você. É uma das melhores opções disponíveis hoje. Minha vida com Vivo fibra de 300Mbps é bemmm tranquila. Sim, eu pesquisei antes de me mudar. E não, eu não sou fã da Vivo, mas esse serviço costuma funcionar bem por um preço razoável.
Outra coisa para se pensar é ter um plano de contingência. Eu tenho um plano de 4G de outra operadora que não a Vivo para situações de emergência. Também coloquei uma placa de Wifi no meu desktop só para poder usar o 4G do meu celular nesses casos. Em quase 2 anos, só aconteceu uma vez, mas vai que você está atendendo um cliente crítico e fica sem internet?
Microfones, fones de ouvido e auto-falantes
Trabalhar em casa significa muitas vezes participar de muitas conferências. A câmera pode não ser o mais importante, mas o áudio sim. Então você tem algumas opções. Se você tem um ambiente com muito barulho em volta, vai preferir certamente utilizar um headset para conseguir ouvir melhor as pessoas e para que o microfone capte a sua fala bem próximo da sua boca. Essa brincadeira pode ir longe, existem headsets com cancelamento de ruído ativo que lhe dá um excelente isolamento dos barulhos externos.
Não utilize o microfone e o autofalante do seu notebook. Sério. O microfone do seu notebook em 99% dos casos é bem ruim e você vai ouvir bem mal as pessoas. Quebra um galho uma vez ou outra. Mas utilizar o áudio do seu notebook todo dia é um sofrimento. Você não entende direito o que as pessoas falam, as pessoas não entendem direito o que você fala e você pode ficar até com dor de cabeça no final de uma conferência com mais de 30 minutos.
Outra opção é ter um microfone externo e caixas de som externas. Existem opções excelentes por aí. Eu comprei um microfone muito bom, o M-Audio, mas que tem um defeito grave: ele capta o som em todas as direções. Com isso ele facilmente provoca eco nas minhas conferências. É ótimo para gravar, mas ruim numa conferência. Um microfone excepcional são os microfones da Yeti. Eles tem uma qualidades excelente e você pode trocar o tipo de captador por um direcional para evitar eco por exemplo. Existe inclusive uma versão com braço articulado e suporte que elimina vibração, o Yeticaster.
Eu realmente não faço questão de caixas de som externas. No meu caso eu uso um monitor com auto-falantes embutidos que são o suficientes para mim. Se você é um entusiasta, recomendo as caixas de som de madeira com entrada USB da Edifier que são muito boas. Você vai trocar de computador algumas vezes e suas caixas de som continuarão lá, com um som limpo e claro.
Algo mais em conta pode ser utilizar uma câmera com microfone integrado como o famoso C920 da Logitech. Funciona bem e você não paga uma fortuna. A câmera é boa e o microfone também.
A última opção que você pode utilizar se não está disposto a gastar muito e se não participa de muitas conferências é utilizar um fone de ouvido com microfone desses que vem junto com o seu celular. Não funciona tão bem nem é muito confortável, mas quebra o galho.
Câmera
Você não precisa de uma uma grande câmera. Você pode utilizar a do seu notebook. A não ser que você seja um streamer profissional, não gaste com isso. Uma C920 como citei antes, resolve bem.
Mouse
É impressionante como as pessoas dão pouca atenção ao mouse que utilizam. Mas quem fica mais de 4h por dia na frente de um computador, deveria se preocupar sim. Mesmo que você passe mais tempo digitando. Você não precisa de um mouse gamer super incrementado. Mas um mouse confortável, ergonômico e pra mim, sem fios. Uma mesa com menos fios é uma mesa mais saudável para se trabalhar. Hoje vou aqui fazer a propaganda da Logitech, pois 3 dos meus mouses favoritos são deles:
- MX Ergo: Não é um mouse, é um trackball na verdade. Mas é a coisa mais ergonômica que você pode encontrar. Pode levar um tempo para se acostumar. Se você tem mais de um monitor, às vezes pode ficar meio perdido. Mas é uma experiência muito boa, particularmente usando ele inclinado.
- MX Vertical: é inclinado como o Ergo, mas é um mouse normal. Muito confortável e ergonômico. Muito mesmo. Existem outros mouses inclinados como ele…. mas acho que a qualidade deste é muito boa.
- MX Master 3: Não é inclinado como os anteriores, é um pouco menor e bem confortável. A roda de scroll dele é como sempre deveria ser em todo mouse.
Eu particularmente gosto de mouses onde a mão se encaixa nele. Alguns gostam de mouses menores, ou que você possa trocar de mão facilmente. Enfim… mas experimentar mouses topo de linha é algo que vale à pena.
Teclado
Aqui a coisa complica um bocado. Antigamente eu gostava de dizer que as únicas coisas que eu tinha da Microsoft eram teclado e mouse. Eles tinham produtos acima da média. Quando eu aposentei o meu Microsoft Sculpt Comfort Desktop, prometi que seria o meu último teclado da Microsoft. Além de não ser tão confortável assim, a qualidade anda bem questionável. Não duraram 2 anos direito comigo. Outros não duram sequer um ano e entregam uma qualidade mais questionável ainda.
Hoje você tem opções bem mais variadas. Os teclados mecânicos ficaram populares com os gamers. Tem teclados muito bons mesmo. Eu tive um Razer BlackWidow Lite que eu considero uma ótima opção: compacto, robusto, relativamente silencioso e confortável de usar. Existem duas coisas que me incomodavam nele: o barulho e o cabo. Mesmo os mais silenciosos fazem uma quantidade razoável de barulho e eu realmente tenho a mão pesada… sou daqueles que aprenderam a datilografar em máquinas de escrever manuais. Quando você está numa conferência e ouve alguém digitar num teclado mecânico, percebe como isso incomoda. Imagina num escritório com outras pessoas. Eu não quero um teclado competindo com a minha voz enquanto estou dando uma consultoria, uma aula ou palestrando. Mas se você tem mãos de fada, é só evitar os teclados mecânicos cherry blue (que podem ser muito agradáveis mas são realmente barulhentos).
Se você está decidido a comprar um teclado mecânico e quer entrar nesse universo, recomendo começar com os vídeos do Fábio Akita sobre o assunto. Eu desta vez optei por um teclado mais fino, parecido com um teclado de notebook, sem fio e com bateria ao invés de pilhas. Comprei um Logitech MX Keys. Ele tem lá seus defeitos… não tem layout ABNT2, e as teclas mais largas às vezes fazem um pouco mais de barulho. Fora isso é um excelente teclado e acho que é bem confortável. OK, eu sei…. parece que eu estou fazendo propagando para a Logitech. Confesso que antigamente eu torcia o nariz para os produtos deles. Uma coisa bacana de optar por vários dispositivos da mesma família MX deles é que eu posso utilizar 2 mouses e um teclado com apenas um receptor espetado na porta USB. Menos fios e menos portas utilizadas.
Monitor
Ter um notebook é quase uma obrigação para quem trabalha com home office. Mas usar só a tela do notebook às vezes não é a coisa mais confortável do mundo. A ideia do notebook é permitir mobilidade: ser leve e ocupar pouco espaço. Mas para trabalhar todo santo dia nele… pode não ser a melhor opção. Ter uma segunda tela parece um pouco confuso para algumas pessoas mas é uma ótima opção em N situações. Se você estiver numa conferência por exemplo, você pode compartilhar uma tela e deixar a conferência rolando em outra.
Se você sofre de hipermetropia ou tem vista cansada…. vai preferir uma tela maior também. Telas de 24″ para mim são um bom tamanho. Ter pelo menos uma tela com auto-falantes pode ser uma boa também, assim você não precisa de caixas de som externas. Se você pretende ter apenas um monitor principal, considere a possibilidade de utilizar um ultrawide e/ou curvo. A experiência é bem interessante. Só acho chato quando alguém compartilha uma tela ultrawide numa conferência: uma parte da tela fica cortada e as letras ficam pequenas para todos os demais que não utilizam uma tela desse tipo. Se você for fazer stream ou grava vídeos compartilhando a sua tela, também vai ter que tomar cuidados com isso.
Não sou muito exigente com monitores, talvez esteja na hora de ficar mais… existem opções muito interessantes com preços variados. Uma opção que eu achava legal era ter um suporte que permitisse virar o monitor na posição vertical, mas com suportes a gás eu não uso mais o suporte original do monitor então isso deixou de ser um requisito para mim. Mas existem suportes de diversos tipos e com diversas regulagens. Então se você não pretende usar um suporte externo com um braço articulado à gás (que eu realmente recomendo), fique de olho no suporte que vem integrado para ver as opções disponíveis. Você vai precisar pelo menos ajustar a altura do monitor, ou então vai começar a colocar livros embaixo dele…
Desktop / Notebook
Acho que todo mundo deve ter um notebook à mão. Em algum momento você vai ter que participar de uma reunião externa, viajar ou mesmo trabalhar num café pra variar. No entanto eu não dispenso um bom desktop. Você tem muito mais opções de processadores, memória, placa de vídeo, etc. No entanto como boa parte de tudo que a gente roda hoje está na nuvem, eu sinto mesmo é falta de 2 coisas: discos SSD de qualidade razoável e memória. Eu não considero comprar um notebook ou desktop com menos de 16GB hoje em dia. Você se acostuma rapidamente a trabalhar com muitas abas e janelas abertas sem dificuldades. Ter máquinas virtuais e outras coisas rodando ao mesmo tempo. Enfim, com 32GB de memória você tem folga para trabalhar sem muita preocupação e testar coisas mirabolantes. Placas de vídeo não fazem muita diferença para o tipo de trabalho que eu executo. Um bom gabinete e uma boa fonte são um investimento que garantem uma longa vida para o seu conjunto, com boa ventilação e pouco barulho. Eu compro uma máquina pensando numa vida útil de 3 a 5 anos. Por isso acho que gastar um pouco mais e ter algo que dure vale à pena. Mas isso é um critério pessoal, de quem precisa de uma máquina para trabalhar, não para se exibir…
Quando fui organizar o home office da minha mãe eu optei por um computador all-in-one. A CPU fica acoplada atrás da tela e o design disso é realmente muito bom ocupando pouco espaço na mesa. Ela realmente adora esse layout, se sente mais confortável com algo integrado sobre a mesa. Diz ela que é algo “menos assustador” que o meu ambiente de trabalho…
Nobreak
Mesmo que você não tenha um desktop, ter um nobreak pode salvar a sua vida. Se a luz acabar o seu roteador vai desligar, seu monitor, etc. Ter um nobreak pode dar tempo para você reagir adequadamente numa situação de emergência. Eu gosto muito dos nobreaks da SMS e APC, de preferência com pelo menos 1.2KVA. Se tiver um desktop, pode ser que algo um pouco maior seja uma boa ideia. Eu utilizo um de 2.2KVA que me dá uma autonomia de cerca de 30 minutos aqui.
Impressora e scanner
Eu uso cada vez menos essas coisas, mas é bom ter. O problema é que ocupam um baita espaço na mesa. Como eu uso pouco a impressora, uma jato de tinta parece uma opção mais flexível que uma laser. Minha mãe é professora, para ela eu comprei uma impressora laser pequena que dá conta de um volume maior com mais velocidade. Eu uso uma boa jato de tinta com cartuchos de tinta independentes do cabeçote de leitura. Toda vez que organizamos um evento eu levo ela e papeis fotográficos. Dá pra fazer coisas incríveis nela. Seja como for, fuja das impressoras muito baratas. Em geral os cartuchos de tinta duram muito pouco, custam caro, aguentam um volume muito pequeno de impressão além de serem bem lentas.
Eu desisti de ter um scanner no escritório. Além de ocupar muito espaço, as opções mais simples tem uma qualidade horrível. Aquelas opções de scanner e impressora num mesmo equipamento então… são sofríveis no mínimo. Como eu uso pouco, eu optei por utilizar celular mesmo, com um bom app, o CamScanner. Mas se você realmente precisa de um scanner, uma opção que eu gosto muito são os Fujitsu ScanSnap. Compactos, robustos e precisos. Embora a as pessoas estejam mais acostumadas com outras marcas de scanners, eu vi milhares deles trabalhando na digitalização de cheques em agências bancárias. São muito bons mesmo. Claro, existem opções específicas para necessidades especiais, mas aí é outra história.
E aí, vale à pena?
Olha, a Timbira é uma empresa que tão cedo não terá um escritório formal. Todos os nossos colaboradores são DBAs seniores ou especialistas. A maioria trabalha em casa mesmo. Todos nós investimos um tempo e dinheiro nos nossos escritórios. Há tempos atrás eu lembro de ter que brigar para ter uma cadeira descente no local de trabalho. Agora eu escolho a que eu quero. Pago caro por isso, claro. Mas mesmo empresas maiores que estão adotando o trabalho remoto tem ajudado seus funcionários a montar um ambiente mais saio de trabalho. Nós fazemos isso com nossos colaboradores…
Algumas pessoas podem achar esnobe ficar falando sobre opções caras ainda mais numa época em que muitas pessoas estão com pouco dinheiro, desempregadas ou fechando empresas, sem contar o dólar lá em cima. Vale lembrar que isso é um processo de longo prazo, levei cerca de 6 anos para chegar aqui. Mudei de endereço 2 vezes e por aí vai. Eu realmente acredito que sempre que possível você deve optar por qualidade e produtos que durem. Nem sempre é possível. Convivi muito tempo com opções bem longe do ideal. Fui priorizando o que eu achava mais importante e alguns itens tiveram que esperar um bom tempo até que eu tivesse condições de pagar. O ritmo de quarentena também piorou muito as condições de trabalho mesmo para quem já fazia home office. Então ter um escritório bem estruturado certamente irá amenizar estes dias turbulentos e lhe ajudar a enfrentar longos dias de trabalho.
E você como está se adaptando? Já trabalha faz tempo em casa? Tem alguma dica para compartilhar?
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Fábio – 10%, a revanche
Há pouco mais de 6 anos eu comemorava a perda de 10% de peso. Cheguei a perder quase 25% de peso naquela época. Sim, eu sei da história de “quem perde acha”, aliás eu achei. E ainda achei quase 10% a mais do que tinha quando comecei. Mas às vezes as pessoas enchem demais o saco com a escolha das palavras… por mais que faça sentido.
Há uns 5 anos eu atingi um platô e fiquei com o peso relativamente estável. Apesar de não ter atingido minha meta, estava próximo e minha qualidade de vida havia aumentado muito, muito mesmo. Eu conseguia pedalar, dormia melhor, tinha mais disposição etc e tal. Aí eu dei uma relaxada e fui curtir a vida. Continuei praticando esportes, mas com menos intensidade. Aí a vida te puxa pra lá e pra cá. Mudanças no trabalho, na vida pessoal, novos compromissos, e por aí vai. E me descuidei um pouco, e fiquei lá nos meus 20% a menos de peso. Ainda era bom. Um dia tive um gripe forte, da gripe veio uma amigdalite e disso veio uma pericardite. Nada grave, mas dor no peito realmente assusta e você realmente é atendido rapidamente no hospital quando chega com uma dor assim. O tratamento era apenas Ibuprofeno…. e repouso. Nada de exercício por uns 2 ou 3 meses. Aí fui pra lona, e desandei de vez.Comece caminhando
E a vida mudou muito, de lá pra cá. Em vários sentidos. E chegou a hora de colocar o corpo como prioridade novamente. Desta vez não seria tão fácil, momentos de vida diferentes, responsabilidades diferentes, ritmo de vida diferente. Novamente o ciclo começou caminhando. Caminhar tem um efeito fantástico na vida: você se coloca em movimento, sai da inércia.
Quando você se coloca em movimento, é como se você ganhasse pelo menos uma grande queda de braço. A gente conhece muitas vezes o que precisa fazer, mas não faz. A gente procrastina. Eu tenho uma capacidade enorme de realizar o que precisa ser feito agora, mas também de deixar para depois de amanhã tudo aquilo que você não precisa fazer obrigatoriamente amanhã.
Romper a barreira da inércia tem um poder incrível. É uma metáfora para a vida. Comece com algo que você pode fazer hoje. Com algo que não depende de um exame, uma roupa, um dia perfeito, alguém, um lugar, uma força sobre humana. Comece caminhando. Se você conseguir caminhar por 30 minutos, você deu o primeiro passo importante, você rompeu a barreira da inércia.
Acho que toda pessoa que se propõe a fazer grandes mudanças na vida, deveria começar caminhando. Caminhar não emagrece quase nada, caminhar não define os seus músculos, caminhar não aumenta sua capacidade pulmonar, caminhar lhe coloca em movimento. E ao se mover, lentamente, sem gastar uma quantidade absurda de energia, você ganha um novo espaço privilegiado na sua vida. Como dizia Merli, o espaço dos peripatéticos, daqueles quer se colocam num momento de reflexão privilegiada. Ao caminhar você observa o mundo se movendo ao seu redor lentamente. Vê as pessoas, os lugares, a paisagem se mexerem lentamente. Seu corpo não está 100% tomado pelo esforço de caminhar, há espaço para pensar, para prestar atenção em tudo. Você poderá descobrir coisas novas sobre lugares em que passou muitas vezes antes. Você poderá descobrir novos lugares, novos personagens por onde passa. E você irá dialogar consigo mesmo. Sobre a mudança que já começou na sua vida.
Dieta
Caminhar é como um prólogo, um prefácio de algo que está para realmente começar. Não emagrece, apenas lhe coloca predisposto a começar a longa maratona que vem pela frente. E a coisa começa a funcionar de verdade quando você decide cuidar da sua saúde fazendo um bom checkup e indo num bom nutricionista. Eu comecei pela nutricionista, depois cardiologista e por fim um endocrinologista.
Comecei pela nutricionista. A palavra dieta tem significados ambíguos para cada um. Emagrecer muito rápido não é algo saudável. A não ser que você tenha feito uma cirurgia bariátrica ou tenha uma condição de saúde muito específica, você não deveria emagrecer muito rápido. Um bom nutricionista saberá lhe recomendar algo que sirva para o seu paladar e a sua rotina. Uma alimentação saudável e equilibrada responde por 80% do esforço para perder peso. E você precisa fazer isso por um longo período, não por um mês. Então você precisa de algo que seja viável. Dietas radicais engordam, e muito.
Minha nutricionista é fora de série. Tenho consulta 2x por mês e pesagem toda semana. Me pediu uma bateria enorme de exames antes de receitar qualquer coisa. Conversa muito comigo. Cada consulta leva entre 30 e 90 minutos. Até foi no mercado comigo me ajudar a comprar algumas coisas. Não, o convênio não cobre. Não, não é barato. Mas se você quer emagrecer e não engordar novamente, você precisa mudar os seus hábitos. Caso contrário, fará uma dieta e depois retomará aos velhos hábitos, e vai engordar numa velocidade impressionante.Não vou aqui discutir o tipo de dieta que eu estou fazendo, pode ser que não seja adequada para você. Existem mil fórmulas diferentes e mil interpretações. O que eu faço é discutir com a minha nutricionista, reavaliar o que não dá certo. E aos poucos a minha nutricionista vai me passando novos exercícios, introduzindo novos hábitos que espero que perdurem na minha vida, mesmo depois de atingir a minha meta. Se você não tiver consciência disso e não estiver disposto a fazer mudanças de longo prazo, então irá fazer como eu que perdi muito peso e engordei ainda mais depois. Quer apostar?
Exercícios
Exercícios são importantes, não tanto como mudar seus hábitos alimentares, mas ajudam muito. Ajudam a aumentar o consumo calórico claro, mas ajudam antes de mais nada a você não surtar. Diminuir o consumo de açúcar, carboidrato e gordura na sua vida não é algo simples. A comida está ligada não apenas ao instinto de sobrevivência, está ligada ao prazer. Tirar o prazer da sua vida tem um impacto brutal no seu estilo de vida. O exercício físico contínuo e frequente vai lhe trazer um pouco desse prazer de volta, vai ajudar a equilibrar a sua vida e será uma forma importante e lhe proteger um pouco da compulsão alimentar. Eu caminho atualmente 5 ou 6 vezes por semana, entre uma e duas horas por dia. No dia em que eu não caminho, minha alimentação piora nitidamente. O corpo precisa de descanso. Acho que as pessoas que fazem exercício 7 dias por semana e não conseguem parar tem problemas, sério. Mas fazer exercício 2 vezes por semana também não resolve. Não adianta fazer um exercício muito leve, você deve impor um certo ritmo. Antes de apertar o passo, você tem que ter um OK do seu cardiologista, faça todos os exames. Antes de ter um OK, pegue leve. Você pode ter que ir num ortopedista ou num endocrinologista também.
Depois de um tempo caminhando quase todo o dia, comecei a ir na academia. Por N motivos, você precisa fazer algum tipo de exercício de força, além do exercício cardiovascular. Se você já faz exercício cardiovascular, ótimo, mas tem que fazer exercício de força sim. Senão você corre o risco de emagrecer e perder musculatura junto, o que pode ser bem perigoso. Então é isso, tem que fazer. Tem que fazer os 2: exercício cardiovascular (como caminhar, correr, pedalar, nadar) e exercício de força.
Eu sei que tem gente que adora academia. Admiro muito essas pessoas, mas eu não sou uma delas e sei que muita gente odeia academia. Os motivos são muitos: é quente, a música é horrível (pra mim), as pessoas são lindas e saradas enquanto você parece o tio sukita que saiu errado, os exercícios são chatos, etc, etc, etc. Existem academias diferentes sim. Já fui em academia diferente que toca rok’n roll, com gente mais velha e menos selfies por minuto, sem muitos espelhos e você não se sente uma vitrine virada para a rua, como se quisesse se exibir para o universo do Instagram ao vivo. Mas dessa vez a minha nutricionista me recomendou um tipo completamente diferente de academia e me recomendou ir apenas 2 vezes por semana nos primeiros meses, e é o que eu estou fazendo. A diferença lá é que não são exercícios feitos em máquinas, você fica descalço o tempo todo, trabalha o equilíbrio, o alongamento, a postura, etc. E tem um acompanhamento bem de perto. Sim, é mais caro. Mas é bem seguro, equilibrado e eficiente. E lá estou eu.
Remédios
Eu gostaria de fazer um alerta sobre o endocrinologista. Eu sou filho de médico e convivi com histórias de médicos a minha vida toda, então a gente acaba descobrindo uns macetes. Minha nutricionista me recomendou tomar um remédio simples e barato, dizendo que iria me ajudar muito com a minha condição de resistência insulínica. O meu endocrinologista disse que a indicação da minha nutricionista era totalmente irrelevante me me recomendou um outro remédio injetável que seria muito mais eficaz. Claro que eu não tomei o remédio injetável. Eu passei a vida vendo meu pai tomando injeções diariamente (ele era diabético juvenil) e nem passou pela minha cabeça tomar aquilo. Quando comentei com a minha nutricionista, ela sacou o remédio da gaveta e me mostrou que ele era uma versão 4x mais cara de um remédio idêntico com uma leve mudança na embalagem. Também li sobre o princípio ativo do remédio e consultei mais 2 médicos amigos sobre a indicação do meu endocrinologista. Resultado: não vou ajudar o cara a ir para um congresso no Havai me receitando remédios caríssimos que podem agravar o meu quadro de resistência insulínica ao invés de melhorar. O remédio indicado até me ajudaria a emagrecer, mas o custo para a minha saúde e para o meu bolso seria altíssimo.
Já o remédio que a minha nutricionista recomendou, é super comum, barato e sem contra indicações. Estou tomando ele, não para emagrecer, e sim para cuidar de um problema de saúde, a resistência insulínica. Mas eu acho que tomar remédios para emagrecer é algo complicado. Já tomei sibutramina antes e não achei algo bacana. Eu sei, toda ajuda é bem vinda… mas pense bem antes de ir atrás de soluções milagrosas, pesquise bem e fique atento aos efeitos colaterais. E claro, não tome medicação sem recomendação médica.
Terapia
Eu sei que muita gente ainda tem preconceito contra terapia (ou análise, como preferir). Mas é fundamental. Aqui entra a ação de longo prazo. Eu digo que a minha nutricionista é a minha segunda terapeuta, mas eu tenho a primeira. E a primeira é importante. Comer é algo importante na sua vida. Lhe dá prazer, aplaca o stress, cura as dores da alma. Chocolate, cerveja, quindim, sorvete, churrasco, comida de boteco, tudo isso é vida. Eu costumo dizer que o amor engorda. A maioria das coisas que os casais gostam de fazer (além de sexo) engorda.
As coisas que você faz na vida, o seu trabalho, o seu sono, os amigos, os amores, tudo tem a ver com a comida. E se você quer perder muito peso como eu, então algo no caminho não deu muito certo. Você precisa parar e reavaliar a sua vida. Mudar o que te faz buscar na comida um abrigo seguro. Você não vai tirar o prazer da comida, mas vai ter que perder a compulsão pela comida. E a compulsão é sim um troço ruim que vem de uma dor, uma ansiedade, uma angústia, um stress da sua vidaE aí entra a terapia. Quais são os seus gatilhos? O que você pode fazer para não repetir os mesmos erros? Quais hábitos você precisa mudar? Ao que precisa estar atento? Não estou aqui falando de um processo de “treinamento”, de coaching. Estou falando num processo de revelação, de cutucar as suas fraquezas e as suas dores. Sim, a comida está relacionada com tudo isso. A frase “Mens sana in corpore sano” poderia tranquilamente ser escrita ao contrário. Corpo são em mente sã. Eu acredito muito na capacidade da terapia em promover mudanças positivas na sua vida. É um movimento lento, às vezes doloroso, mas o autoconhecimento não tem preço. Mas como tudo na vida, terapia não é milagre e nem funciona assim logo de primeira. Pra mim, funciona se, e somente se:
- Você tem empatia e uma conexão com o terapeuta ou a tal da transferência. Você precisa se sentir confortável para falar de assuntos delicados com ele. Então se não houver esse movimento, não vai funcionar. É como ir ao médico e esconder informações fundamentais para o diagnóstico. Se não rolou com seu terapeuta depois de um tempo (eu diria no mínimo um mês), tente outro.
- O terapeuta não deve lhe dizer o que fazer, ele deve lhe conduzir para que você mesmo forneça as suas respostas. Se o terapeuta começar a colocar os seus valores pessoais na terapia. Levante e procure outro
- Terapeuta não está lá pra alisar a sua cabeça, não é travesseiro nem um lugar confortável. Não é alguém para lhe ouvir e dizer que tudo vai ficar bem. Terapia serve para se conhecer. Conhecer o outro é moleza, conhecer a si mesmo nem sempre é divertido. Às vezes é bem doloroso. Ter que admitir seus erros e reconhecer seus fracassos e limitações não é algo fácil. Se o seu terapeuta lhe dá colo por muito tempo, algo não está bem, próximo.
Um longo caminho
Por fim, tenho clareza de que o problema maior não é emagrecer. Emagrecer dá um puta trabalho. É um esforço enorme de dinheiro, tempo e sobretudo energia. Desistir no caminho é muito fácil mesmo. Porém, mais difícil do que emagrecer é levar uma vida saudável depois de perder peso. É não voltar a engordar. Emagrecer não é perder peso, emagrecer é melhorar a sua qualidade de vida em vários aspectos. É saber fazer escolhas saudáveis todos os dias, é saber que você pode comer o que gosta, só não pode fazer isso o tempo todo ou em grandes quantidades. É saber não mascarar os seus problemas com coisas que lhe dão prazer. É saber que você precisa praticar exercícios com alguma regularidade para o resto da sua vida. É saber se cuidar e observar como o seu corpo se comporta sempre. É se permitir sem se destruir. Isso é o trabalho de uma vida… quem sabe uma vida onde no final do caminho, seja uma vida de erros, acertos, mas sobre tudo uma vida de constante aprendizado.
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DBaaS não precisa de DBA?
Semana passada postei sobre um trabalho da Timbira para uma startup aqui de São José dos Campos numa base RDS da AWS, ou seja, um Database as a Service (DBaaS). A imagem abaixo era para ser auto explicativa.
Consumo de CPU antes de depois da atuação do DBA Acontece que a postagem gerou uma certa polêmica no Facebook, então gostaria de esclarecer alguns pontos.
O cliente
- Em horário comercial o consumo de CPU batia 100% com muita frequência e os clientes estavam reclamando constantemente de lentidão no sistema;
- O Cliente em questão é uma startup. A base já está em produção mas é pequena ainda;
- A equipe de desenvolvimento é composta em sua maioria por desenvolvedores com pouca experiência. Eles tem feito um bom trabalho, mas não possuem experiência com SQL;
- Se você conhece o universo de startups, deve saber que projetos que começam pequenos devem ter custos baixos para serem viáveis. Então nesse caso não seria possível iniciar o projeto um custo fixo alto. Começar com o time dos sonhos significa não ter time nenhum;
- O cliente hoje gasta cerca de USD 300/mês com a instância RDS de produção. Não é pouca coisa, mas ao mesmo tempo não um custo tão alto que justifique facilmente trocar o RDS por uma VM com um DBA para cuidar do banco de dados.
O que foi feito?
O cliente não tinha orçamento para fazer um Health Check completo, mas fizemos uma avaliação de algumas coisas importantes:
- Avaliação da carga no servidor olhando o monitoramento do RDS;
- Parametrização do banco de dados, instalação do pg_stat_statements;
- Migração para o PostgreSQL 11;
- Avaliação das conexões, idle_in_transaction, etc;
- Avaliação do autovacuum e estatísticas dos objetos;
- Avaliação das piores consultas no pg_stat_statements;
- Geração de planos de execução para as piores consultas;
- Criação de índices para as piores consultas.
Após esse trabalho, o uso de CPU caiu de 100% para menos de 40%. Sim, a criação dos índices foi a parte que gerou a maior impacto para o cliente e fez a carga diminuir drasticamente. No entanto, até chegar lá, é preciso ver o servidor como um todo.
Preciso mesmo de um DBA?
Depende.
Sempre depende.
- Se você tem um serviço gerenciado como um RDS, você não precisa de um DBA para fazer o backup, para instalar ou replicar o banco de dados;
- Se você tem uma equipe de alto nível com muita experiência, essa equipe poderá analisar as consultas da aplicação e criar índices sem a ajuda de um DBA;
- Se a sua base é pequena ou tem poucos usuários, você pode não ter problemas de performance ou pode escalar por hardware, mas uma hora a conta vai chegar. Um DBA pode lhe ajudar a lidar com momentos de pico, alta concorrência, gargalos, locks, erros, etc. Um desenvolvedor muito experiente ou um administrador, DevOps, ou sysadmin experiente (como queira chamar) pode fazer esse papel eventualmente.
- Existem um sem número de situações onde um bom DBA pode agregar numa equipe:
- Parametrização do banco
- Parametrização de objetos
- Modelagem
- Escolha de tipos de dados correta
- Escolha de arquitetura correta
- Monitoramento
- Automatização de deploy em bancos de dados
- Recuperação de desastres
Enfim, conheço startups com 2 ou 3 funcionários que contratam os serviços de DBA remoto da Timbira. E conheço equipes grandes sem nenhum DBA. Quando você deve incorporar os serviços de um DBA na sua equipe? Bom, cada equipe tem suas dores. Se você acha que está tudo bem com o banco de dados, dificilmente você irá investir nisso. Ou pode acontecer de você apenas achar que está tudo bem…
E você, acha que DBaaS não precisa de DBA???