Parece incrível mas existe um número grande de pessoas que não configura corretamente os logs no PostgreSQL. Muitos nem sabem onde ele fica e nunca foram olhar o que tem lá. É verdade que muitas aplicações que levam o PostgreSQL embarcado funcionam por anos sem nenhum problema. Mas um dia o problema vai surgir, e adivinha qual o primeiro lugar em que vamos olhar? Os logs claro. No entanto é bem frustrante chegar no cliente e ver que os logs não estão configurados, às vezes, sequer habilitados. Isto significa que a capacidade de verificar um problema ocorrido no passado é quase  nula.

A documentação possui um capítulo só com as configurações do log, vamos parar para olhar alguns pontos que você deveria conhecer, ok?

Onde logar

Aqui você vai configurar onde o arquivo de log vai ser gerado, o nome do arquivo, permissões no arquivo, tamanho do arquivo, etc. Preocupações com o local, nome e espaço em disco entram aqui.

Quando logar

Você pode dizer ao PostgreSQL em quais situações um log deve ser gerado. Essas demandas podem mudar o tempo todo e é importante saber quando e como mudar isso conforme a necessidade e o ambiente.

O que logar

Dependendo da situação você pode querer logar coisas diferentes, a maioria destes parâmetros não serão alterados com o tempo, ao contrário dos parâmetros da sessão anterior.

Exemplos de configurações

Alterar as configurações de log é muito simples. Você deve ter uma configuração base bem robusta para o seu ambiente e pode altera-las para situações específicas onde precise de mais informações. Isto pode ser feito em uma base específica, para um usuário específico, uma função ou mesmo uma sessão. Algumas configurações no entanto se aplicam à todo o cluster e precisam que o PostgreSQL seja reiniciado para que a alteração faça efeito. Se quiser descobrir como lidar com os parâmetros do PostgreSQL, leia este artigo que publiquei sobre o assunto.

Vejamos algum alguns exemplos que utilizo no dia-a-dia. Outras possibilidades para situações específicas podem ocorrer, se quiser fazer uma sugestão, esteja à vontade para postar nos comentários.

Servidor de produção PostgreSQL dedicado

# - Where to Log -
log_destination                 = 'stderr'
logging_collector               = on
log_directory                   = 'pg_log'
log_filename                    = 'postgresql-%Y-%m-%d_%H%M%S.log'
log_truncate_on_rotation        = on
log_rotation_age                = 1d
log_rotation_size               = 64MB

# - When to Log -
client_min_messages             = log
log_min_messages                = notice
log_min_error_statement         = warning
log_min_duration_statement      = 120000

# - What to Log -
log_checkpoints                 = on
#log_connections                = off
#log_disconnections             = off
log_duration                    = off
log_error_verbosity             = default
log_hostname                    = on
log_line_prefix                 = '%t [%p]: [%l] user=%u,db=%d,app=%a,host=%h'
log_lock_waits                  = on
log_statement                   = 'ddl'
log_temp_files                  = 0
log_hostname                    = off

Aqui temos um log que será gerado em $PGDATA/pg_log e rotacionado todos os dias, ou quando o log atingir 64MB, ou quando o servidor for reiniciado. Optamos por um logar todos os comandos SQL que demorarem mais de 2 minutos para executarem, DDLs, uso do TEMP, locks, checkpoints. Logar todos os comandos pode ser inviável em termos de volume de logs gerados. Se você utiliza muitas tabelas temporárias, usar o log_statemente em ‘ddl’ pode ser um exagero também. Da mesma forma, logar conexões e desconexões pode gerar um excesso de logs.

Servidor de produção embarcado

# - Where to Log -
log_destination                 = 'stderr'
logging_collector               = on
log_directory                   = 'pg_log'
log_filename                    = 'postgresql-%d.log'
log_truncate_on_rotation        = on
log_rotation_age                = 1d
log_rotation_size               = 0

# - When to Log -
client_min_messages             = warning
log_min_messages                = warning
log_min_error_statement         = warning
log_min_duration_statement      = 120000

# - What to Log -
log_checkpoints                 = on
#log_connections                = off
#log_disconnections             = off
log_duration                    = off
log_error_verbosity             = default
log_hostname                    = on
log_line_prefix                 = '%t [%p]: [%l] user=%u,db=%d,app=%a,host=%h'
log_lock_waits                  = on
log_statement                   = 'none'
log_temp_files                  = 16MB
log_hostname                    = off

Aqui queremos um log mais enxuto, pois raramente alguém irá olhar para eles. Também vamos manter um log por dia do mês e depois reescrever eles. Também  diminuímos o número de mensagens e deixamos só as mais importantes.

Servidor de testes / homologação / desenvolvimento

# - Where to Log -
log_destination                 = 'stderr'
logging_collector               = on
log_directory                   = 'pg_log'
log_filename                    = 'postgresql-%Y-%m-%d_%H%M%S.log'
log_truncate_on_rotation        = on
log_rotation_age                = 1d
log_rotation_size               = 256MB

# - When to Log -
client_min_messages             = log
log_min_messages                = info
log_min_error_statement         = warning
log_min_duration_statement      = 0

# - What to Log -
log_checkpoints                 = on
log_connections                 = on
log_disconnections              = on
log_duration                    = off
log_error_verbosity             = verbose
log_hostname                    = on
log_line_prefix                 = '%t [%p]: [%l] user=%u,db=%d,app=%a,host=%h'
log_lock_waits                  = on
log_statement                   = 'ddl'
log_temp_files                  = 0
log_hostname                    = on

Aqui deixamos o log mais verboso para pegar possíveis erros. Em geral o volume de logs nunca é tão grande como na produção, pois a base não é utilizada com a mesma intensidade.

Alterando parâmetros em pleno vôo

Certamente você vai querer alterar alguns parâmetros em alguns momentos, particularmente em produção para pegar casos específicos. Um exemplo seria habilitar o log de conexões e desconexões, outro seria habilitar o log de arquivos temporários. Um caso realmente comum é o de se alterar o log_min_duration para zero e assim logar todos os comandos SQL por um período específico de tempo até que o problema que se deseja investigar se reproduza. Depois voltamos à condição anterior. Vejamos como fazer isso nas versões anteriores ao 9.4 do PostgreSQL (à partir do 9.4 você pode utilizar o ALTER SYSTEM para editar o arquivo postgresql.conf

  1. Editar o arquivo postgresql.conf. Suponhamos aqui que iremos mexer especificamente nas configurações do log_min_duration_statement, log_connections e  log_disconnections:
    log_min_duration_statement      = 0
    log_connections                 = on
    log_disconnections              = on

    Você pode deixar comentada a opção que vai alterar e copiar a linha com o novo parâmetro para guardar como referência para quando for retornar à configuração anterior. Também pode tirar uma cópia do seu arquivo postgresql.conf e depois restaurar a cópia para voltar as configurações originais

  2. Carregar as configurações e rotacionar o log. Além de enviar um sinal de SIGHUP para o postgres recarregar as configurações alteradas, seria bom rotacionar o log (claro, a não ser se você não utiliza uma configuração no log_filename que facilite isso) para isolar o arquivo que contem as configurações diferenciadas:
    SELECT pg_rotate_logfile(), pg_reload_conf();
  3. Esperar o evento que você quer verificar ocorrer.  Monitore o diretório pg_log e verifique o tamanho e volume dos arquivos gerados. Não seria uma boa ideia deixar a partição lotar com logs. Monitorar é importante. Claro que você deve sempre colocar o pg_log numa partição separada da raiz. Mesmo assim, monitore o volume de logs gerados.
  4. Depois que o evento ocorreu e você acha que já coletou logs por tempo suficiente, edite o postgresql.conf novamente e vote para a configuração original;
  5. Recarregue novamente as configuraçõeserotacioneolog, da mesma forma que fizemos no passo 2:
    SELECT pg_rotate_logfile(), pg_reload_conf();

Ferramentas para análise de logs

Analisar logs pode ser uma tarefa árdua. Um bom editor de texto é uma ferramenta importantíssima. Uma das coisas que você deverá fazer com frequência é seguir uma sessão do inicio ao fim. Para isso o grep será seu grande amigo. Você pode fazer algo simples como:

cat postgresql-2015-01-20_000000.log | grep 'user=user_teste' > teste.sql

Também pode filtrar por aplicação ou mesmo por PID, para pegar uma sessão específica. Isso ajuda muito a avaliar o comportamento da aplicação e ver o que realmente está acontecendo no banco de dados. Uma coisa que descobrimos como DBA é que o desenvolvedor muitas vezes não sabe o que a sua própria aplicação faz no banco de dados. Você descobre problemas crônicos apenas com este tipo de análise.

Mas haverá momentos em que você deverá descobrir onde está um gargalo de performance e existe um caso bem chato de pegar: quando um comando é repetido milhares de vezes apenas mudando os parâmetros. Por exemplo: a aplicação resolve atualizar em 10% o preço de todos os produtos e resolve fazer um UPDATE em cada produto um por vez ao invés de fazer um único UPDATE para todos os produtos. Nesta situação, outros métodos de análise falham em achar gargalos deste tipo, pois se baseiam em olhar comandos SQL lentos. Acontece que um UPDATE simples em si é bem rápido. Mas o conjunto de milhares de UPDATEs é bem lento. Uma ferramenta de analise de logs vai te ajudar nesta tarefa com muita eficiência.

pgBadger

O pgBadger é a ferramenta mais utilizada e mais eficiente que eu conheço para analisar logs do PostgreSQL. Fácil de instalar e muito rápida, ela analisa vários logs de uma vez, um intervalo de tempo específico, tem várias opções bacanas, mas se você não utilizar nenhuma delas, provavelmente já terá um resultado excepcional. Apenas tome cuidado com o parâmetro log_line_prefix, que pode ter que ser ajustado.  Segue aqui um exemplo de geração de relatório analítico do pgBadger:

~/pgbadger-6.2$ ./pgbadger --prefix '%t [%p]: [%l] user=%u,db=%d,app=%a,remote=%r ' postgresql-2015-01-20_000000.log
[========================>] Parsed 67110115 bytes of 67110115 (100.00%), queries: 87556, events: 1015
LOG: Ok, generating html report...
~/pgbadger-6.2$ ls -lh out.html
-rw-r--r-- 1 telles telles 2,0M Jan 20 17:23 out.html

O arquivo out.html pode ser aberto em qualquer navegador e possui dezenas de informações úteis. Veja aqui um exemplo de relatório gerado por ele.

Outras ferramentas

Conclusão

Uma parte considerável do trabalho do DBA é gasta analisando logs. É a melhor forma de se avaliar o que aconteceu no passado. Um log bem configurado possibilita um trabalho bem feito. E a chance do seu problema ser resolvido aumenta em probabilidade, velocidade e qualidade. Outra coisa importante é manter o log limpo. É comum ver aplicações que geram lixo no log ou cometem “erros inocentes” que não geram nenhum problema na prática, mas entopem o log de lixo. O log é uma fonte imprescindível de informações no PostgreSQL. Ele possui capacidades bem avançadas para trabalhar com seus logs, mas você precisa pelo menos configura-los corretamente.

7 respostas

  1. Boa tarde amigo, muito bom o post!

    Tenho um servidor com postgresql 9.3 instalado. O arquivo de log dele (postgresql-9.3-main.log) está muito grande! 27 Gb sendo que me servidor possui somente 30 Gb de espaço. Gostaria de saber se posso deletar esse arquivo e como deleta-lo,ou limpá-lo pelo menos.

    1. Faça um backup dele em outro lugar. Gere pelo menos um relatório com o pgbadger antes de pensar em descartar. Recomendo que gere um arquivo por dia, assim fica mais fácil lidar com eles e apagar os mais antigos.

  2. Amigo como faço para gravar em um log somente os comandos INSERT DELETE E UPDATE que obtiveram exito na gravaçao no banco??

  3. Cara, Me deu um esclarecimento melhor sobre LOG´s, principalemente porque estamos agora, na empresa, colocando o Postgresql como mais uma opção de DW (já temos outros SGDB). Neste caso como gera muita “insert” (carga do DW), as LOG terminava gerando falta de área em disco. Assim parametrizo apenas para o necessáro.

Deixe uma resposta

plugins premium WordPress
%d blogueiros gostam disto: