No final do século passado, lá por 1998 ou 1999, surgia uma lista de discussão sobre PostgreSQL. Desta lista surgiram os primeiros palestrantes no FISL, CONISLI e outros eventos por aí. E dessa turma, surgiram nomes como o Dickson Guedes, Diogo Biazus, Euler Taveira, Fernando Ike, Leonardo Cezar, Leandro Dutra e outros mai . E foi durante o CONISLI de 2006, depois da palestra do Rodrigo HJORT, que a gente decidiu fazer o primeiro evento nacional de PostgreSQL em 2007. Nesta época, muitos de nós ainda estávamos estudando na faculdade, alguns ainda não tinham filhos, alguns ainda tinham cabelos ou uma barriga menos expressiva. E veio depois o PGBR de 2008, 2009, 2011 e um montão de PGDays espalhados pelo Brasil.
Quanta coisa se passou nesses anos, não? E foi em 2012 que participamos do maior evento (em termos de público presente) de PostgreSQL do Brasil, o PGDay Cascavel, no Paraná. E para nossa surpresa, nós eramos convidados, palestrantes, mas não estávamos na organização. Ficou claro que estava na hora de passar o bastão do PGBR e sair de São Paulo. E onde seria então o PGBR2013? Seria onde houvesse alguém disposto assumir a organização geral do evento, ou como dizemos, onde houvesse um “Big Kahuna”. E quem foi que levantou a mão? Nosso colega Luis Fernando Bueno, lá de Porto Velho – RO. Como assim, em Rondônia? Isso mesmo. E já tínhamos motivos de sobra para acreditarmos que isso seria possível. O Luis já tinha organizado a maior quantidade de PGDays do Brasil. Eu mesmo já tinha participado de uma leva em Porto Velho e Ji Paraná.
E quando anunciamos, teve quem torcesse o nariz. Os patrocínios foram mais difíceis de se conseguir e houve quem falasse abertamente que um evento deste porte não poderia ser feito tão longe… longe de quem cara pálida? Mas levantamos o site, conseguimos os primeiros patrocínios, conseguimos palestrantes internacionais da Argentina, Bolívia, Espanha e EUA. Nada mal. E a chamada de trabalhos fechou sem problemas e chegou a hora do ponto sem volta, quando finalmente abrimos as inscrições. A partir daí, tudo correu bem. Tivemos um bom número de inscritos e as pessoas foram se empolgando.
Saí de casa no dia 14/08 e fui recepcionado pela organização do evento no aeroporto. Todos os palestrantes tiveram o mesmo tratamento. Carona garantida para o hotel, com direito a um chopp no caminho. De manhã, havia um ônibus fretado para irmos ao local do evento, na Ulbra. Santo ar condicionado, com direito a boa música no caminho. Claro que ninguém ouvia a música, estava todo mundo empolgado com o evento e a turma não parava de conversar! Credenciamento com muita gente nova aparecendo na última hora para entrar no evento. Abertura simples e rápida para o povo não ficar dormindo logo cedo… e aí já tivemos um coquetel espetacular para celebrar o inicio do evento. Nem precisávamos almoçar depois disso. Não houve quem não elogiasse a comida.
E começaram as primeiras palestras… na hora do almoço, voltamos com o ônibus para o hotel, onde almoçamos. Depois houve uma divisão. Enquanto os palestrantes locais tocavam oficinas e palestras para o pessoal à tarde, os palestrantes foram convidados para conhecer a usina hidroelétrica de Santo Antônio. O mais bacana é que como a obra está bem no meio do caminho, pudemos ver uma parte pronta e outra com a obra a pleno vapor. Ver aquele mundo de gente trabalhando 24×7 com uma fila enorme de betoneiras chegando foi muito bacana. Tinha inclusive um jornalista da usina nos explicando tudo direitinho. Depois fomos para um passeio de barco no Rio Madeira, com direito a vista para a usina, botos e cerveja gelada. A única coisa triste foi ver que as comunidades ribeirinhas que haviam por lá quando fiz o mesmo passeio em 2009, haviam sido desalojadas para obras de contenção da usina. Para fechar o passeio conhecemos a estação de trem da antiga Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Na volta para o hotel ainda passamos num restaurante com todo o tipo de comida regional. Bom, aí você vê como a vida de palestrante é dura né?
No dia seguinte as palestras ocorreram com tranquilidade e a platéia parece que estava bem empolgada. Muitos elogios para lá e para cá. No fim do dia, o Sr. Álvaro Hernandes deu um show para nerd nenhum botar defeito, com sua palestra sobre “Um bilhão de tabelas no PostgreSQL”. Digna de aparecer no Big Bang Theory. No final do dia ainda fomos num bar se esbaldar com o chopp feito por uma micro cervejaria dalí e muito dourado na brasa. Houve quem tivesse fôlego e foi para uma casa noturna curtir o bom e velho Rock’n Roll ao vivo. Me disseram que até o Sr. Joseph Conway caiu na dança por lá. Infelizmente eu estava muito cansado e voltei para o hotel…
Enfim chegou o terceiro e último dia do evento. No encerramento, o clima já era de festa. Os Lightning Talks foram conduzidos pelo Dickson Guedes com direito a buzina, gincana e tudo o mais. Depois veio a premiação dos destaques da Comunidade Brasileira de PostgreSQL. Para constar, seguem os premiados:
- Código no PostgreSQL: Fabrízio de Royes Mello;
- Código em ferramentas relacionadas ao PostgreSQL: Dickson Guedes;
- Participação na lista PGBR-Geral: Flávio Henrique Araque Gurgel;
- Artigo técnico: Fábio Telles Rodriguez;
- Organização da comunidade brasileira: Luis Fernando Bueno;
No final, a organização ainda bancou a festa de confraternização aberta para todos no bar que fomos no dia anterior. Depois de tudo isso, posso dizer com segurança que o PGBR2013 superou minhas expectativas e as expectativas de todos por lá. O Sr. Luis Fernando Bueno não apenas mereceu seu prêmio como superou todos os PGBRs anteriores. E é claro que teve muita gente ajudando como a Raissa, Júlio, Rudson, Ivanilse, Sued e tantos outros que eu não vou lembrar aqui de cor. E tivemos pessoas de Rondônia, Acre, Amazonas, Amapá, Ceará, Mato Grosso, Brasília, Goias, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e por aí vai. Todos despidos de suas capas de doutores, especialistas, consultores, etc e tal, aprendendo, conhecendo, ensinando e trocando. A simplicidade e a riqueza do PGBR2013 andaram juntas de forma singular. Isso mostra que o PGBR é um evento para o Brasil inteiro, que o Software Livre não tem fronteiras. Foi um PGBR renovado, com um formato novo, com novos palestrantes, novos organizadores, novos caminhos, novos participantes. E tinha gente com camiseta do PGBR lá de 2007… com camiseta de tudo quanto era evento dentro e fora do Brasil. Encontrar velhos amigos e fazer novas amizades é o prêmio maior que levo para casa. Ainda quero ver as apresentações que não pude assistir, quero trocar e-mail com pessoas que não pude conversar direito, pegar umas dicas com quem tanto me ensinou por lá. Sim o PGBR2013 ainda vai render um bocado…
Ainda temos muito trabalho pela frente… agora vem aquela fase chata da prestação de contas e uma burocracia interminável para deixar a casa em ordem. E eu sei que já tem um povo lá no sul pensando no PGBR de 2015…. será que vai ser em Florianópolis, Porto Alegre ou Cascavel? Eu realmente não sei. Mas com uma turma como essa, não temos muito com o que nos preocupar, podem contar comigo que estarei lá para ajudar novamente.
Enquanto isso, a gente vai se encontrando nos PGDays por aí… inda temos alguns pela frente neste ano. Essa turma não para nunca!