Postgres, PGBR2011, Timbira e o universo.

Agora que o PGBR2011 está quase acabando, que as últimas prestações de contas estão terminando, os fornecedores sendo pagos e as últimas palestras sendo publicadas no site, eu me deparei com mais uma boa provocação do Fernando Ike. Ok, o post é do dia 10/11, mas eu só vi hoje. Ainda estou bem atrasado com um monte de coisas e hoje de manhã comecei a passar varias coisas em revista. Então deu aquela vontade de escrever….

O #PGBR2011 foi um marco para mim. Morreu aquele jeito moleque de juntar a turma e ficou claro que a “pegada” da comunidade mudou. A turminha que se conheceu há 10 anos atrás nos FISLs da vida cresceu e tem desafios para lá de cabeludos na mão. Eu mesmo jamais imaginaria que estaria trabalhando com um dos cases mais importantes de Postgres do Brasil há 10 anos atrás. Acho que eu nem imaginava que daria para fazer o que a gente faz com o Postgres hoje naquele tempo. Mas a gente apostou, eu consegui abandonar a minha vida de DBA Oracle e estou feliz da vida me matando de trabalhar com Postgres quase em tempo integral (aka 24/7).

O evento foi num hotel. Não foi numa universidade, não foi num lugar barato. E para a nossa surpresa: fomos nós mesmos que pagamos boa parte da conta: Eu, o Euler, Fabrízio, o Charly, o Coutinho, etc. Nós patrocinamos o evento. Nós pudemos tirar $$ do bolso para fazer o evento acontecer. Para quem não sabe, eu e o Euler Taveira, somos Sócios da Timbira, que está já há uns 2 anos na estrada. A gente nunca teve muita pressa de crescer. Nem no nosso site a gente investiu muito. Na verdade a gente está tendo de expandir para dar conta da demanda. Não, ninguém está ganhando muito dinheiro. Talvez empresas maiores como a Dextra e a 4Linux estejam melhor. Certamente a VMware vai bem. Mas estamos vivendo disso. No caso da Timbira, vivendo disso. E temos encontrado bons parceiros no caminho. Direta ou indiretamente, estivemos presentes em várias palestras comigo, com o Euler Taveira, com o Dickson Guedes, com o Roberto Mello, com o Fabrízio Mello e tem mais um que logo logo deve estar finalmente assumindo seu lugar junto a Timbira. E tem mais, eu, o Euler e o Guedes (os 3 dos 4 fundadores da Timbira) ganharam prêmios pela nossa atuação na comunidade durante o evento. Não, nenhum de nós fez parte da comissão que elegeu os premiados. Acho que dificilmente vamos encontrar alguém que respira mais Postgres no Brasil do que o Euler Taveira. Não foi por acaso que ele foi nomeado para 4 das 5 categorias do “Prêmio PGBR2011”. É realmente uma honra ter estes caras como colegas de trabalho. Mas eu também estou finalmente dando meus pulinhos. Hoje eu teria tanta coisa para escrever aqui no blog que eu nem sei por onde começar. Preciso de um pouco de tempo para voltar a escrever para valer.

Não é pouca coisa né? Mas este ano foi a primeira vez que mandamos fazer um folder da Timbira. A gente passa tanto tempo trabalhando com Postgres que não tivemos tempo de “aparelhar” a nossa empresa. Sim, temos que melhorar isso. Bom, mas tirando a propaganda toda, (que é a primeira vez que eu cito aqui no blog), a questão é que agora a nossa pegada mudou. Não somos mais moleques. Ninguém mais é. Mesmo o Diogo Biazus com o seu novo visual Punk, sabe que a fase da molecagem passou. Ele também é empresário. E são empresários a maioria dos palestrantes que estiveram no evento. Nem tudo são flores. Eu descobri por exemplo que o Carlos Smanioto, um dos ícones que começou a publicar os primeiros artigos sobre Postgres na SQL Magazine estava com dificuldades alguns meses antes do PGBR2011. Outros dois grandes colegas excepcionais ficaram desempregado recentemente. Eu também tenho minhas dívidas para pagar…. Não estamos vivendo de brisa. Estamos trabalhando muito, errando muito e aprendendo muito. No entanto, me arrisco a dizer que estamos felizes. Não é fácil explicar isso para nossas famílias. Mas é bem verdade. Eu posso dizer que trabalho com o que eu gosto e isso não é para qualquer um.

Mas voltando a provocação do Sr. Fernando Ike. Eu tenho sempre medo do que esse cara diz, pois ele tem a mania de acertar – ele também tem a mania de ser sorteado para alguma coisa em todo evento que vai. Já vi ele ser sorteado 2 vezes num único evento. E essa história de banco de dados virar comodity, já está escrito nas estrelas faz um tempo. Quando você vira especialista numa coisa, não quer que ela deixe de existir, pois você se dedicou por anos a fio para adquirir um bom domínio naquilo. Os bancos da dados relacionais não vão deixar de existir. Mas quem acha que eles vão continuar com o seu “reinado”, como o centro do universo que muito DBA acha que é… já caiu do cavalo. Isso está ruindo mesmo. Claro, isso que não muda tão rápido assim. Ninguém acha que as transações bancárias vão começar a rodar em bases NoSQL. Mas é inútil negar que tem muita informação que não precisa de um banco de dados transacional 100% ACID para cuidar. E os novos desafios estão aí para quem quiser enxergar ou não.

Enquanto a adoção do Postgres cresce no mundo todo e notoriamente no Brasil, um novo movimento surge quebrando paradigmas e a gente vai ter de aprender a conviver com isso. A palestra da VMware estava lá para quem quisesse enxergar. A revolução acontecendo bem na nossa cara. Eu sei que o Ike tem uma visão clara disso. Quando você se afasta e olha mais de longe, consegue ver o mundo girar. Esse negócio de nuvem… tem muita balela e gente querendo vender coisa velha com nome novo. Mas quando eu olho o número de clientes nossos que estão colocando seus software como SaaS, é notavel que as coisas estão mudando. E olha só, a Locaweb estava lá no evento…

É pessoal, eu não sei o próximo PGBR vai rolar ou como ele será. Sei que é bem possível que ele ocorra. Não sei se eu terei tempo para me dedicar a ele como me dediquei em 2011. Nem se as minhas prioridades estarão neste rumo até lá. Mas o mundo está girando… independente de nós sentirmos isso ou não. Os polos magnéticos vão se inverter, uma nova era do gelo vai vir e um novo super continente vai se formar. Precisamos mesmo olhar para fora da caixa. Mas enquanto isso, posso dizer que o Postgres tem me surpreendido muito. Tem se mostrado um grande parceiro, e trabalhar com ele tem sido divertido.

Bom, agora tem um monte de coisas para fazer aqui, até a próxima cervejada pessoal!

OBS: Antes que alguém pergunte… o nome Timbira foi escolhido pelo Euler que tem um blog com esse nome bem antes da “Empresa Timbira nascer”. Ele ajudou muito na tradução da documentação e internacionalização do Postgres. Como ele é Goiano e tem lá uma paixão louca pelo Brasil, eu acho que escolher um nome indigena para a nossa “Empresa Brasileira de Postgres” faz até muito sentido. Claro, é bem engraçado quando as pessoas pedem para repetir o nome da empresa umas 2 ou 3 vezes até entender. Todo mundo espera um buzzword em inglês. Mas depois de um tempo, eu achei o nome tão bacana quanto continuar escrevendo um blog em pt_BR e fazer parte do nosso planeta tupiniquim, 🙂 . De toda forma, quanto mais masterfucking é o cliente, mais legal é ver a Timbira entrando lá de verde e amarelo…

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