Manter um blog pode ser tão simples quanto se queira, mas também pode ser um poço sem fundo…
São muitas opções, muitas tecnologias e modismos que vão surgindo todos os dias. Aqueles que resolvem adentrar no mundo da blogosfera vão se vendo cercados de um aparato cada vez maior no sentido de classificar o conteúdo daquilo que você escreve. Por outro lado, já há quem leia menos os jornais tradicionais e busque informações em fontes alternativas de informação como os blogs.
E fez-se o blog
Já faz mais de um ano que um colega me convenceu a montar um blog. Eu mesmo já havia pensando em montar um site meu há uns 5 anos atrás, antes da febre dos blogs, mas a vida naquele tempo era muito mais dura e eu acabei desistindo. Manter um site estático realmente dá trabalho. Mas eu cheguei a publicar alguns textos daquela época aqui, muito tempo depois.
De qualquer forma, a idéia de colocar algumas coisas no papel sempre me atraiu.
Chegou uma época em que fiz uma campanha no PSL-ABCD para que as pessoas divulguem seu conhecimento técnico e suas opiniões em blogs. Alguns blogs novos surgiram nesta época, uns não foram para frente, outros contam com excelente conteúdo.
Só sei que hoje estou com pouco mais de 100 postagens e não pretendo parar tão cedo. Cheguei a passar alguns meses sem postar absolutamente nada por aqui e tive alguns momentos de pico onde postei 2 ou 3 coisas em apenas uma semana.
Onde hospedar seu blog?
Minha primeira tentativa há uns 5 anos foi montar um site estático usando o espaço cedido pelo meu provedor, que na época era o UOL. Foi um verdadeiro desastre e o site nunca chegou a ficar pronto, pois dava muito trabalho para montar tudo e eu nunca tinha tempo suficiente.
Meu primeiro blog era hospedado num serviço gratuito que utilizava o WordPress. Não vou citar qual era o serviço por um motivo simples: ele dava problema! Em alguns momentos a interface administrativa não entrava e cheguei a perder todo o meu conteúdo. Quase desisti de continuar naquela época.
Depois me recomendaram outros serviços mais estáveis. Acabei indo para o Multiply. Flertei com o Blogger, mas o Multiply realmente me ofereceu muito mais coisas, como galeria de imagens, músicas e uma rede de contatos no estilo do Orkut. Cheguei a pagar o serviço por alguns meses como forma de ajudar a manter o serviço e tirar as propagandas do blog. Mas com o tempo algumas coisas começaram a incomodar. Percebi que alguns destes problemas eram comuns a maioria dos serviços gratuitos de hospedagem:
- Somente usuários do Multiply podiam postar comentários,
- Só usuários pagantes podem customizar algumas coisas mínimas como a barra lateral do site
- Poucos temas para customizar a aparência do site.
- Nenhum acesso ao código-fonte da ferramenta
- Mudança de política de acesso a ferramenta freqüente,
- Propaganda adoidado.
- Páginas muito lentas para carregar.
- Não poder usar um domínio próprio.
Na verdade eu poderia utilizar uma ferramenta destas pelo resto da vida e certamente eu não teria problemas. No entanto, quando que se acostumam com Software Livre, e se trabalha com desenvolvimento, é comum querer algo mais. E os serviços pagos oferecem muito mais do que apenas hospedar um site, oferecem toda uma gama de serviços que um servidor locado num datacenter pode nos oferecer…
A minha idéia seria migrar o blog para uma plataforma l00% livre e pagar somente a hospedagem em algum lugar. Uma excelente opção seria abrir uma conta no DreamHost por exemplo. Mas depois de trabalhar criando sites do zero por aí, a idéia de instalar coisas a partir de um painel me pareceu chata e limitada. Acho que para a maioria dos usuários comuns, isto seria mais que o suficiente. Mas a vida de web-monkey me levou a querier mais. Eu queria um local onde eu consiga instalar o que eu bem entendesse no servidor.
Foi aí que o fike encontrou o RimuHosting. Lá você tem uma máquina virtual Xen com um Debian prontinho para você fazer o que quiser, senha de root e tudo o mais! A flexibilidade de um servidor dedicado com o custo de um plano standart no DreamHost.
Com isto, foi possível instalar tudo a partir do zero, SGDB, PHP, Apache, ferramentas, etc. O fike registrou o domínio www.midstorm.org (ele costuma ter fotos de furacões no seu desktop…) e nasceu a nova versão do blog! Além de não ser possível montar um site com 2 cliques no mouse, assumir um servidor tem outro grande problema, como dizem os filmes de super heróis: Grandes poderes trazem grandes responsabilidades!
Qual ferramenta utilizar?
Acho que o WordPress deve ser a ferramenta número um dos blogueiros! E realmente é uma excelente ferramenta. Um diferencial do WordPress é o uso de URL semânticas. Existem outras ferramentas livres muito boas, mas creio que o WordPress seja o melhor hoje, com uma comunidade de desenvolvedores bastante ativa.
Apesar disto eu resolvi optar por um CMS, que tem a opção de instalar vários módulos para ir adicionando novas funcionalidades. Existem uma infinidade de ferramentas disponíveis por aí. Não é preciso utilizar uma ferramenta proprietária. Existem excelentes opções livres para todos os gostos. Você pode escolher a sua linguagem de programação predileta: PHP, Perl, Python, Ruby e outros mais bizarros como o VB.Net. Muitos utilizam frameworks consagrados e outras ferramentas livres como o Zope o Rails e o Smarty. Outra coisa a se considerar são os bancos de dados que eles suportam. O SGDB número um é o MySQL que é muito adequado para manter um blog, pois é simples e leve. Mesmo assim, você pode querer integrar outras aplicações com seu portal e querer utilizar outro SGDB. Existem ferramentas que utilizam o PostgreSQL, SQLite e até Oracle! A escolha não é fácil. Acabei optando pelo Xoops por já ter utilizado antes em outros projetos. Mas fiquei muito tentado com o Joomia, que é bem poderoso e o Drupal que tem suporte a PostgreSQL além de ser bem leve.
Melhorando a aparência do seu blog
Esta parte é bastante difícil para mim. Programadores são famosos por serem péssimos designers e eu não fugi a regra. Se você estiver utilizando uma boa ferramenta livre, certamente irá ter alguns temas ou templates para escolher. A partir daí, você deverá encontrar o CSS do seu tema e fazer suas próprias adaptações. Esta parte é realmente mais difícil do que parece a primeira vista:
– Cada navegador exibe seu site de um jeito diferente, e apesar de não gostar do IE, a maioria das pessoas ainda o utilizam… uma opção bizarra é instalar o IE via Wine para poder testar ou ter um Windows no seu computador ou melhor, usar um serviço na Web que tire screeshots em qualquer navegador para você.
– Cada usuário utiliza uma resolução de tela diferente. Poucos utilizam hoje uma resolução de 640 X 480, mas muitos ainda utilizam 800 X 600. Quando abri pela primeira vez meu blog em 800 X 600 tive um choque… ele estava inteirinho quebrado.
– Mexer no Gimp não é tão simples quanto parece. Se você esquecer que ele trabalha em camadas vai perceber que o programa não se comporta da forma como você espera. Além disso, é preciso saber alguma coisa sobre desenho, arte, cores que combinam… coisas subjetivas demais para um programador, hehehe!
Eu realmente desisti de ficar customizando muito o design do meu blog. Consome um tempo que eu prefiro gastar escrevendo, tomando cerveja, etc. Troquei a imagem no topo do blog e me dei por satisfeito. Tenho que reconhecer a importância dos Web-Designers e dizer que sem eles os programadores só conseguiriam vender coco na praia… (hum, não deixa de ser uma boa idéia!).
De toda forma, um blog não precisa de um super ultra mega blaster design. Ainda mais se você não é um designer!!! Vejo blogs com um visual muito bacana por aí, mas acho que a maioria ou utiliza um tema disponível na sua ferramenta com pouquíssimas alterações ou são sites de designers que realmente fazem um excelente trabalho.
Um programador conhecido que resolver montar o seu próprio design deixou impressões bastante claras sobre como ele se sentiu…
Sobre o que postar?
A maioria dos blogs que começam, não passam da décima postagem. Decididamente, existem pessoas que tem mais o que fazer da vida! Ainda acho que com 20 ou 30 minutos por semana você consegue colocar muita coisa interessante no ar. Cheguei a postar sobre isso uma vez aqui.
De toda forma, interagir com a comunidade de software livre me fez mudar algumas posturas de uns tempos para cá. Depois de utilizar por alguns anos ferramentas livres em tempo integral, achei que eu deveria de alguma forma ajudar os outros, e não apenas com discussões filosóficas, inevitáveis para quem transitou pela sociologia e pela educação…
Algumas pessoas optam por blogs 100% técnicos, postando apenas dicas e códigos de própria autoria. Outros postam apenas suas impressões sobre coisas que utilizam no dia-a-dia. Há quem fale muito sobre política e há até os que reproduzem menssagens meigas que recebem por e-mail ou pelo Orkut! Bem, não existe uma regra sobre isto (ainda bem!). A única coisa que parece fazer sentido é que o seu público vai variar com o assunto e a qualidade daquilo que você escreve.
Particularmente eu prefiro escrever aquilo que me der na telha, sem me preocupar muito. No entanto, evito ser muito agressivo, pois sei que sempre corro o risco de ser mal interpretado. Acho que você pode ser moderado sem deixar de se posicionar e dizer o que pensa.
Aparecendo na Blogosfera
Isto pode aparecer um tabú para alguns. Muitos começam um blog como algo pessoal e não tem a intenção de ficar famoso ou ganhar dinheiro com um simples blog. No entanto, há quem pense diferente e até ganhe a vida com isso. O importante é pensar que não há nada de errado em querer aparecer na Internet. Se você publica um conteúdo, é porque você quer que outras pessoas leiam, comentem e interajam com você. Se não fosse assim, você continuaria utilizando o seu diário em papel mesmo ou no mínimo, jamais publicaria algo na Internet.
Uma das primeiras coisas que eu descobri foi a importância e onipresença do Google. Se o Google não te achar, você não existe! Aparecer no Google não é uma tarefa tão simples quanto parece. Envolve o uso de tags e palavras-chave, além é claro de pessoas que visitem seu blog de vez em quando.
Na verdade, isto pode não importar tanto, se você não tem a intenção de atingir as massas e virar um popstar. Mas é interessante tentar buscar ao menos o seu nome para ver se as pessoas que realmente querem encontrar você, acham seu site no google.
No entanto, uma coisa que certamente você deve fazer, é colocar links para o blog de seus amigos ou blogs que você gosta de ler com freqüência. Se você quer que outras pessoas leiam e comentem o seu blog, espera-se que você faça o mesmo em outros blogs. Esta atitude de interação entre os blogueiros eu acredito ser a verdadeira essência da blogosfera. Ser citado em outros blogs é considerado um dos maiores fatores sucesso de um blog.
Aí o RSS e outras técnicas de feeds começaram a fazer todo o sentido. Eu particularmente utilizo o Liferea como agregador de notícias, mas existem várias outras formas de utiliza-los para se manter em dia como os planetas. Foi aí que eu percebi que os feeds do meu blog não estavam se saindo muito bem. Fiz alguns ajustes nos feeds do blog. Curiosamente, algum tempo depois surgiu a campanha para disponibilizar os feeds completos… coisa que eu acabara de fazer!
Um exemplo de como o fato de citar outros blogs podem ou não afetar a sua vida é quando você anuncia algo que você postou em um site de grande circulação, como o BR-Linux. Já postei algumas vezes por lá anunciando eventos da comunidade. Isto não significou um aumento de visitantes no meu blog. No entanto, um colega um dia indicou uma postagem minha no BR-Linux que se tornou rapidamente a postagem mais popular daqui.
Estão pipocando cada vez mais ferramentas de catalogação de blogs. O caso mais célebre é o Technorati que ganhou uma versão brasileira, o blogblogs e recentemente o Rec6 se tornou a versão brasileira do digg. Aqui, muitos vêem estas ferramentas como formas de autopromoção, mas não é exatamente assim. Estas ferramentas acabam de uma forma ou de outra catalogando postagens em blogs, facilitando a vida de quem quer buscar assuntos determinados. Pessoas que não tenham nada de muito relevante para dizer, dificilmente perduram na opinião dos leitores. Você pode passar a vida sem jamais utilizar estas ferramentas, mas pode se surpreender ao perceber que outras pessoas já catalogaram seu blog por aí!
Estatísticas do seu Blog
Uma das coisas divertidas de se fazer com um blog, é observar o movimento de acesso no seu blog. A princípio as estatísticas são uma atitude meio narcisista, onde você fica obervando quantas pessoas acessam o que. Depois de um tempo você começa a observar que algumas coisas são mais acessadas que outras e que coisas que você julgava sem muita importância acabam se tornando populares.
É interessante observar por exemplo que algumas palavras-chave são mais procuradas nos mecanismos de busca. Aconteceu isto com uma postagem minha chamada “Frases interessantes“. Um grande número de leitores apareceu a partir de buscas no google! Já outro colega teve um efeito indesejado, ao ser catalogado com palavras-chave geralmente utilizada com outros fins.
Outra coisa que se percebe é que ter muitos leitores não significa que você atraia o tipo de leitor que espera. Quando se escreve sobre assuntos mais técnicos, você poderá atrair um número menor de leitores, no entanto, eles poderão ser leitores chave para você.
Dependendo da ferramenta que você utilizar, você detectará tentativas de invasão, descobrirá coisas interessantes sobre o seu leitor. Enquanto num site comum o número de pessoas que utiliza o IE é de cerca de 87%, no meu blog este número cai para 52%, indicando um perfil diferenciado de leitores.
Você pode notar coisas estranhas acontecendo… como pessoas lendo seu blog num domingo de madrugada, ou ver que a maioria dos seus visitantes aparecem na hora do almoço enquanto a maior taxa de transferência ocorre de madrugada – deve ser a hora em que os spiders e robôs saem da toca!
Um bom CMS deve ter ferramentas internas para registrar o número de leitores que passam pelo seu blog. Você pode instalar também uma ferramenta externa como o AWSTATS que fornecem muita informação interessante. Mas se você não se importar com a invasão de um serviço externo, o Google Analytics é realmente imbatível. O número de informações, possibilidades de inclusão de filtros personalizados, gráficos, exportação de relatórios etc, tornam esta ferramenta dignas do seu blog! Basta você se cadastrar na ferramenta e colocar um pequeno código do Google no rodapé do seu site e esperar uma ou duas semanas para começar a ter um volume significativo de informações coletadas.
Conclusão
Seja qual for o tempo que você dedica ao seu blog e a acompanhar outros blogs, a blogosfera está aí, crescendo num ritmo acelerado. Se você tem dúvida se vale a pena manter um blog, pense que sob um certo ponto de vista existem dois tipos de pessoas que pessoas:
“As que assistem um jogo de futebol e torcem pelos outros e aqueles que entram em campo e jogam o jogo!”