Conisli, PgConBrasil e outros eventos

Conisli 2007

Nesta sexta-feira, fui ao CONISLI 2007 substituir o Fernando Ike que enviou 4 palestras para o evento e teve 3 aprovadas. Assim ele me convidou para dar a palestra “PostgreSQL, O Elefante Mais Rápido que Leopardo“. Dei uma mexida nos slides dele fui para o CONISLI. O evento está em sua 5 edição e começou em 2003 em parceria com a SUSCESO-SP. Em 2005 rompeu com a SUSCESO-SP em cima da hora e teve muitos problemas com isso, tendo dificuldade em locar um espaço que comportasse um evento do porte do CONISLI com um orçamento mais apertado, o evento ocorreu no SESC Itaquera. Em 2006 a organização deu a volta por cima e conseguiu realizar o evento novamente no Anhembi. Em 2007 a equipe que organiza o CONISLI diminuiu, e a organização ficou um pouco comprometida. A região da UNICID onde o evento foi sediado, até que era bacana, mas o espaço interno do evento ficou desagregado. Expositores num espaço, salas com palestras 2 andares acima, laboratórios em outro prédio.

A sala onde dei a palestra estava meio vazia e o tema era relativamente avançado. Não sei se me saí muito bem. Tive a impressão que ou fui muito superficial ou quem ninguém estava entendendo nada. No mais encontrei alguns bons amigos como o pessoal da organização (Ariane Paola, Leonardo César, Rodolfo Avelino , Rafael, etc) e outras figurinhas como o Leonardo Melo, Rencka, Slot, Marcos Sinhoreli, etc. Muitas pessoas deixaram para ir só no final-de-semana. Acabei não encontrando-os pois só fui na sexta-feira, devido a outros compromissos.

Organizando eventos

É sempre bom reencontrar as pessoas. Mas eu fiquei um pouco preocupado com o rumo dos eventos este ano. O PSL-ABCD perdeu o fôlego este ano. Eu confesso que deixei o pessoal um pouco na mão. Parece que a nova geração não teve fôlego. O pessoal do Centro Público (leia-se Ernani) até tentou dar uma injeção de ânimo e marcou uma reunião para organizar um evento este ano. Mas parece que foram poucas pessoas e logo o assunto esfriou.

Estou ajudando na organização do PgConBrasil este ano, mas também confesso que não estou disponibilizando o mesmo tempo que outrora. O reflexo disso é que ainda estamos correndo atrás de alguns detalhes apesar de estar fazendo o evento junto a Tempo Real Eventos.

Uma coisa que notei semelhante no PSL-ABCD e no PostgreSQL é que sempre aparece gente dizendo: “se precisar de alguma coisa, estou aqui”, “precisam de ajuda?” ou “Como posso ajudar” e coisas do tipo. E mesmo assim, sempre são alguns poucos que acabam carregando o piano. Notem que o Piano do CONISLI é enorme… o que me faz pensar que os organizadores do CONISLI são verdadeiros heróis. Me parece que as pessoas estão muito acostumadas a trabalhar obedecendo a algum tipo de chefe ou se submeter a hierarquia. Poucos realmente tomam a iniciativa e fazem acontecer. Os eventos de comunidade dependem de pessoas dispostas a liderar , oraganizar e trabalhar. Um bom exemplo é o Faw, na comunidade Debian. Apesar dele não tomar cerveja (um desvio de caráter imperdoável!) ) sempre vejo ele organizando a participação do Debian nos eventos por aí. Ele não é um líder eleito ou aclamado, aliás, se tornou a DD a pouco tempo. Mas é de fato alguém que põe a mão na massa e faz as coisas acontecerem.

Tipos de Eventos de Software Livre

Ok, não é novidade para ninguém que são poucas pessoas que se dispõem a abrir mão das suas horas de lazer para se dedicar a algum tipo de comunidade ou organização de malucos (sempre me vem a imagem das pessoas me perguntando o que eu ganho com isso…). Mas eu fico imaginando se o perfil dos eventos não está mudando. Acho que há duas categorizações interessantes para nós observarmos:

  • Evento comunitário X Evento corporativo

A questão dos eventos corporativos se devem ao sucesso de mercado do Software Livre. A Linux World e o Linux Park tem um perfil diferenciado. Ocorrem em locais mais caros, tem expositores maiores e um custo que praticamente exclui os estudantes, em favor dos gestores de TI. Acho que os eventos corporativos tendem a aparecer com maior frequência, mas não substituirão os eventos comunitários. Talvez algumas coisas como install fests tenham uma tendência de diminuir, pois além de ser uma fórmula desgastada, ficou cada dia mais fácil instalar uma distribuição Linux em um desktop.

Os eventos comunitários continuarão a existir onde a comunidade for organizada o suficiente para isso, e enquanto houverem pessoas querendo se reunir para tomar cerveja. O perfil do evento pode variar de acordo com a intenção da comunidade. Pode ser um GNU Beer combinado rapidamente em uma lista de discussões, pode ser um fórum com alto nível técnico para desenvolvedores, ou mesmo um evento para angariar novos usuários e divulgar mais a comunidade. Cada comunidade vive um momento específico e tem demandas e vontades específicas. Participar ativamente de uma lista de discussões (onde a maioria das comunidades se consubstanciam) de uma comunidade é como escolher seu estilo musical na adolescência (bom, na minha adolescência, isto fazia sentido, agora eu já não tenho certeza). Alguns grupos são muito ativos e estão sempre criando novas formas de se encontrarem ou de promover a comunidade. Outros, parecem grupos de amigos que gostam de falar sobre tecnologia. Há os grupos em que o número de usuários gera um alto tráfego destinado a suporte técnico. O perfil destes grupos dizem qual tipo de evento é possível de se realizar em uma determinada região.

  • Evento genérico X Evento focado

Quando eu era pequeno, ocorriam todos os anos as “feiras de informática” no Anhembi. Era tudo coisa do outro mundo para mim que utilizava fitas cassetes para gravar os meus primeiros programas em basic. Depois veio a Fenasoft que passou a ocupara o Pavilhão da Bienal e depois o Anhembi. A Fenasoft rapidamente se popularizou e trazia uma tonelada de gente. Logo veio a Condex que tinha um foco mais corporativo, também no Anhembi. Stantds enormes com mais de um andar, superproduções com shows de luzes e som. Vocês lembram? Pois é… sumiram todos. Não apenas no Brasil como no mundo todo. Os mega eventos sumiram, diminuíram de tamanho ou passaram a ocorrer com menor freqüência. Parece que depois que a bolha .com estourou, deixou um rastro de destruição no caminho.

Por outro lado, os pequenos eventos continuam pipocando por aí. Eles tem algumas vantagens interessantes sobre os eventos genéricos pois são menores, mais fáceis de se organizar e podem aprofundar temas que teríam pouco público num evento genérico. Depois de assistir a alguns eventos grandes, você começa a se interessar por uma palestra ou outra. O restante da grade costuma se concentrar em palestras de pouco interesse técnico. É claro que ficar nos stands de comunidades conversando com o pessoal é uma das coisas mais divertidas nestes eventos,

No Brasil temos alguns eventos de Software Livre grandes como FISL, CONISLI e Latinoware e uma infinidade de eventos de pequeno e médio porte espalhados por aí. Acho que a comunidade que tem apresentado mais garra na organização de eventos tem sido o pessoal do FISL até agora. Eles tem uma equipe grande e realizam eventos grandiosos. Realmente é o maior evento de Software Livre do Brasil. No entanto, talvez não tenhamos espaço para muitos eventos de grande porte. Acho que a médio prazo os eventos com foco em um assunto mais específico vão acabar dominando o cenário.

4 Fun

No entanto, os eventos precisam sempre de gente com tempo e disposição para organizar. Os eventos realizados por comunidades precisam de gente com estas qualidades para sobreviver. Os estudantes costumam ser bons candidatos. Me parece que a renovação deste quadro de “militantes” do Software Livre precisa acontecer. Mesmo porquê, não é só de evento que o Software Livre vive. É preciso ter gente contribuindo de outras formas, com documentação, tradução e principalmente com código. Acredito que temos espaço para todo o tipo de contribuição. Acredito também que um projeto que deseja agregar a contribuição de novas pessoas deve se estruturar para isso. Esta estrutura pode dar mais trabalho do que muitas pessoas imaginam.

Existem muitas pessoas dispostas a colaborar, mas poucas tem o espírito desbravador de assumir a organização de um evento. Da mesma forma ainda temos poucas pessoas contribuindo com código nos projetos. Se temos um número de usuários cada vez maior de Softwares Livres, podemos estar nos equivocando em algum lugar, pois o número de desenvolvedores ativos parece não acompanhar este crescimento. De qualquer forma, contribuir deve ser algo prazeroso. Pode dar trabalho, mas deve haver uma bom grau de satisfação dos que participam, deve haver um crescimento pessoal e sobre tudo, deve haver diversão!

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